O advogado José Antônio Ferreira, que defende os músicos cubanos em seu pedido de asilo ao Brasil, falou agora há pouco, por telefone, com o Blog de Jamildo.

Ele diz que os músicos Miguel Angel Núnez Costafreda, Juan Alcides Díaz e Arodis Verdecia Pompa estão aterrorizados por temer uma deportação. “Os boxeadores (Guillermo Rigondeaux e Erislandy Lara, que desapareceram durante o Pan, mas foram entregues ao regime de Fidel) ninguém sabe deles em Cuba.

Você duvida de que eles podem ter sido mortos?

Podem estar encarcerados.

Os músicos sabem disso e ficam preocupados.

Getúlio entregou Olga Benário para agradar Hitler.

Não é possível que o governo Lula, com o lastro que tem, faça algo semelhante.

Não se admite.

Eu não acredito que façam isso.

Mas está todo mundo preocupado.

Tem gente que acha que Lula deve bajular Fidel Castro, nessa disputa para ver quem é o líder da América Latina.

Eu já fui de esquerda, defendi Fidel Castro, mas o regime envelheceu, caducou.

Tem que ter freios”, declarou José Antônio.

O advogado garante que os cubanos estão bem protegidos, “um pouco além do Recife”.

Ele contou como conheceu o grupo Los Galanes: “Faço dança de salão no Clube Internacional, há quatro anos.

Adoro salsa.

Foi no Alto da Bela Vista, onde os músicos se apresentaram, no domingo, 9.

Achei muito divertido, fiz amizade com o grupo e troquei e-mails.

Sabendo que eu era advogado, eles me pediram socorro.

Contaram que são malvistos em Cuba, porque estudam música latina.

Isso é considerado um perigo para o regime.

Entraram em atrito com o partido, já se sentiam segregados.

Reclamaram que tudo é controlado.

Eles gravam os discos, mas o dinheiro fica na mão de uma ONG que fatura milhões e eles ganham apenas o equivalente a R$ 25 por show.

Nem os próprios CDs podem vender.” José Antônio diz que os músicos, “quando vêem carne, ficam feito crianças”.

Eles fugiram apenas com um violão, garante.

E diz que já conseguiram comprar novos instrumentos.

O advogado entrou com pedido de asilo na sexta-feira na sede da Polícia Federal no Recife e vai se apresentar, com os cubanos, à PF, às 14h de hoje.

Sobre as declarações de integrantes do governo brasileiro de que os cubanos não têm o que temer, ele diz que são vitórias parciais nesse processo. “De vitória em vitória, vamos vencer.

O Brasil está nos apoiando”, conclui.