Por Carlos Brickmann Lembra do leite longa-vida com soda cáustica?

Pois bem: o laudo do Instituto Nacional de Criminalística mostra que o leite não tinha soda cáustica.

Lembra do leite longa-vida com água oxigenada?

Pois bem: o laudo do Instituto Nacional de Criminalística mostra que o leite não tinha água oxigenada.

A notícia foi publicada pela imprensa com muita, muita discrição.

E muita gente nem percebeu.

O leite não era dos melhores, claro.

Quem quer leite bom de verdade compra leite fresco.

Talvez possa usar leite em pó de boa marca, dissolvido em água devidamente tratada e filtrada.

Leite que vive fora da geladeira sempre tem conservantes.

Mas não era nada que fizesse mal à saúde.

Mas, se o leite longa-vida era exatamente o que prometia, ser um leite longa-vida, qual o motivo do escândalo?

Talvez a explicação esteja numa curiosa coincidência de datas.

Uma das empresas mais atingidas pelo escândalo foi a Parmalat, hoje pertencente a um fundo de investimentos, o LAEP.

E o noticiário explodiu bem quando a LAEP preparava a oferta pública de ações (IPO) da Parmalat, na Bolsa de Valores de São Paulo.

O pessoal da empresa estava em road-show no exterior, preparando o lançamento, e teve de voltar rapidamente ao Brasil, para enfrentar o terremoto.

Vale matéria, caros colegas.

Este colunista aprendeu desde cedo a desconfiar de coincidências.

E ainda se lembra com clareza da época em que a água Lindóia foi massacrada pela imprensa, por conter uma bactéria nociva.

Depois que uma empresa concorrente lançou sua água em copos descartáveis, a bactéria nociva desapareceu da imprensa.

Teria sido coincidência, também?