O secretário de Recursos Hídricos do Estado, João Bosco de Almeida, ousou dizer que a revitalização não tinha nada a ver com transposição em um debate realizado aqui no Recife e foi criticado em uma matéria produzida pelo site Ecodebate.

Já o agrônomo João Suassuna, o inimigo número 1 da transposição no Recife, é tratado como sumidade no tema.

Leia abaixo: Os grifos são do Blog.

Revitalização não tem nada a ver com transposição Do site Ecodebate “Tem muita água no nordeste, o problema é ela chegar nas (às) casas”.

Com esta frase, João Suassuna iniciou a discussão em torno da transposição das águas do Rio São Francisco - motivo que levou Dom Luiz Cappio, desde o dia 27 de novembro, à greve de fome.

O nordeste, segundo o pesquisador, representa 3% dos recursos hídricos do país.

Desse total, 2/3 destes recursos encontram-se na Bacia do Rio São Francisco.

Ele alerta que o percentual de 1,4% de água que será retirado da Bacia do São Francisco para a transposição foi calculado de forma equivocada.

De acordo com o especialista, o volume de 26,4m³/s, defendido pelo Governo Federal, está sendo medido em relação ao 1.800 m³/s que são despejados na foz do rio.

Nos trechos da transposição, que tem um volume alocável de 360m³/s, estes 26,4m³/s representam 25%. “O problema do Governo Federal é matemático”, ironiza.

A preservação e a revitalização do Velho Chico também foram outros pontos destacados no debate.

A destruição das matas ciliares e o esgoto despejado contribuem para a erosão e poluição das águas, tornando-as impróprias para o consumo.

João Suassuna lembra o caso recente do surgimento das cianobactérias e das algas azuis em Minas Gerais.

A solução defendida por muitos especialistas para a transposição está no Atlas Nordeste, publicado pela Agência Nacional de Águas, que é um órgão do Governo Federal.

Além de apresentar um diagnóstico preciso das áreas atingidas pela falta de água, o Atlas propõe o fim do eixo norte e o uso de adutoras, o que diminui os índices de evaporação.

Enquanto o atual projeto do Governo Federal atenderá, com os eixos norte e leste, 391 municípios e 12 milhões de pessoas a um custo de 6,6 bilhões, só na primeira fase, o Atlas Nordeste beneficiaria 1.356 municípios e 34 milhões de pessoas com um investimento de 3,6 bilhões.

Réplica Sem apresentar dados ou citar pesquisas que comprovem a viabilidade do atual projeto de transposição, o secretário de Recursos Hídricos do Estado de Pernambuco, João Bosco Almeida, diz friamente que “a revitalização do rio não tem nada a ver com a transposição”.

Ele explica que o grande problema em torno do projeto de integração de bacias (como o governo chama a transposição) está nos recursos liberados pela União.

Enquanto foram destinados 100 milhões para o projeto de revitalização, para o de transposição este número é de 1 bilhão.

Mostrando despreocupação com os possíveis impactos que qualquer obra pode trazer ao meio ambiente, o secretário afirma que a vida no estuário do rio não tem relação com o projeto de integração de bacias e que a água do São Francisco é uma das melhores do mundo. “Pesquisa não adianta nada.

Eu sei que se botar água onde não tem, melhora.

A transposição terá impacto onde passar”, afirma.

Ele finaliza o breve discurso dizendo que a secretaria teve que dispensar todos os técnicos e reconhece que as ações não avançaram muito este ano.

PS: O Secretário de Recursos Hídricos do Governo do Estado de Pernambuco, João Bosco, e o engenheiro agrônomo e pesquisador da Fundação Joaquim Nabuco, João Suassuna, participaram do debate “Questão da água: gestão das reservas e a transposição do Rio São Francisco”, realizado no Recife, na quarta-feira, dia 05/12.