Da Agência Estado “Presidente, preciso contar com o senhor nesta segunda à noite e na terça-feira de manhã”.
O pedido foi feito hoje pelo ministro das Relações Institucionais, José Múcio Monteiro, ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, na Base Aérea de Brasília.
Lula embarcou à tarde para Buenos Aires, para a posse de Cristina Kirchner, e deixou acertado com Múcio e o chefe de gabinete da Presidência, Gilberto Carvalho, que ele fará o ataque final aos senadores que ainda resistem a votar a favor da prorrogação da Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF) até 2011.
O saldo do esforço político do fim de semana, que levou o ministro Múcio a trabalhar no Planalto, não foi o esperado - porque o governo ainda está sem os 49 votos necessários - mas, segundo uma fonte do governo, “a situação está melhor do que na semana passada”.
Pelas contas do Planalto, os senadores Pedro Simon (RS), Valter Pereira (MS) e Expedito Júnior (PR-RO) já foram “convencidos” a aprovar a CPMF.
Mais ainda faltariam “uns dois votos”.
Na viagem para a capital argentina, Lula alinhavou com o ministro Franklin Martins (Comunicação) a abordagem do programa de rádio “Café com o Presidente”, que vai ao ar nesta segunda de manhã (10) e vai tratar de CPMF e da criação do Banco do Sul.
Os operadores políticos do Planalto reconhecem que houve um erro de avaliação.
O governo achava que poderia compensar as dissidências da base com votos avulsos da oposição.
Agora, vê que, se não vierem todos os votos possíveis da base, vai perder.
Por isto, Lula vai procurar pelo menos três senadores de partidos aliados: César Borges (PR-BA), Romeu Tuma (PTB-SP) e Geraldo Mesquita (PMDB-AC).
Pode até conversar pessoalmente com senadores do PSDB e do DEM.
Enquanto trabalha apoios individuais dos governistas, procurando atender aos interesses dos senadores em suas bases eleitorais, o Planalto aguarda uma proposta dos governadores tucanos José Serra (SP) e Aécio Neves (MG), que permita reabrir as negociações com a bancada do PSDB.
A dificuldade é que a área econômica diz que já avançou no que pôde, para ampliar o apoio à CPMF no Senado, e os tucanos, irritados com as críticas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva à oposição, alegam que a oferta do governo foi tímida e se recusam a tomar a iniciativa de apresentar sugestões para reabrir o diálogo. “Se os senadores do PSDB tiverem uma sugestão objetiva, uma proposta factível, eu me comprometo a defender o diálogo dentro do governo”, diz o governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), um dos aliados que Lula mobilizou para ajudá-lo na reta final. “Se não houver isto, será lamentável.
Do ponto em que estamos, o governo chega ao plenário podendo ganhar por dois votos, ou perder por um”, completa.