Por Larissa Alencar Da editoria de Política do JC O Orçamento Participativo (OP), vitrine do pré-candidato do PT à Prefeitura do Recife em 2008, o secretário João da Costa, está sob ataque.

Ontem pela manhã, os vereadores da oposição na capital, acompanhados por delegados do OP, estiveram em cinco obras aprovadas e não iniciadas nos bairros do Jordão Baixo, do Ibura e no Alto de Santa Isabel.

A intenção é expor os pontos fracos do programa.

A partir de agora, os vereadores garantem que vão inspecionar os projetos que ainda não saíram do papel periodicamente.

As críticas se concentraram nos critérios adotados pela Prefeitura para a escolha do que é efetivamente executado. “Fizemos um pedido de informação à prefeitura sobre o grau de execução das obras aprovadas desde 2001 e vamos acompanhá-las”, prometeu o líder da oposição na Câmara Municipal, Daniel Coelho (PV), que encabeça a ação.

A próxima vistoria da bancada deve ser realizada no início de janeiro.

A idéia dos parlamentares é questionar o atual formato do OP que, segundo o vereador Marcos Menezes (DEM), também presente na vistoria de ontem, “cansa o povo”. “As pessoas se organizam, aprovam (o projeto) um, dois, três anos, mas a obra não é feita.

Aí elas param de participar, desistem”, afirmou.

A comitiva, formada também pelos vereadores André Ferreira (PMDB) e Priscila Krause (DEM), começou pela Rua Cafarnaum, no Jordão Baixo.

Lá, os vereadores ouviram as queixas de moradores que se organizaram para eleger, no ano passado, a pavimentação e drenagem da rua como a primeira prioridade do bairro. “Fazer projeto é bom, mas realizar a obra, nada”, lamenta Pedro Lins, morador da Cafarnaum há 35 anos.

A próxima parada foi em uma casa vazia no limite entre o Jordão Baixo e o Ibura, na comunidade de Cidade Operária.

Lá deveria funcionar um posto de saúde eleito no OP em 2001 e, novamente, em 2002.

Segundo Rita Maria Silva, agente de saúde e moradora da área há mais de 20 anos, a casa está à disposição da prefeitura desde 2001. “E está aí, fechada.

Era pra ter sido o primeiro posto daqui, mas não.

A comunidade toda está esperando”, contou.

Segundo ela, as agentes de saúde que atendem às famílias da região usam como apoio uma Igreja Batista praticamente vizinha ao “posto”.

Na comunidade de Terra Nostra, no Ibura, mais queixas e espera.

A ocupação, com quase mil famílias, elegeu a construção de um conjunto habitacional em 2002, 2004 e 2006.

O projeto foi o mais votado pelos moradores nos três anos. “É só reunião, reunião, reunião e nada de obra”, afirmou o delegado do OP José Joaquim.

Na zona Norte da cidade, no Alto de Santa Isabel, duas localidades serviram como exemplo para mais uma crítica.

Segundo o levantamento dos vereadores, enquanto as obras na Rua Florânia, eleita em 2005 com 12 votos, já começaram, as da Rua Santo Amaro, que teve 198 indicações no mesmo ano, estão paradas.

Mas, de acordo com a assessoria da Prefeitura do Recife (PCR), o projeto para a Rua Florânia teria sido aprovado em 2003, por isso estaria mais adiantado do que o da Rua Santo Amaro.

Sobre a Rua Cafarnaum, como a obra foi aprovada em 2006, a PCR diz que ela ainda está dentro do prazo de execução.

Quanto ao posto de saúde em Cidade Operária, o projeto “está em fase de execução”.

Não há prazo determinado para sua instalação.

O caso da comunidade Terra Nostra é o mais complicado.

Apesar de ter sido aprovado no OP, como os moradores também estão tentando financiamento pelo governo do Estado, a prefeitura diz que “não vai interferir nesse processo agora”.

Para o líder do governo na Câmara, Henrique Leite (PT), a visita dos vereadores às obras é salutar, “mas não se pode desqualificar todo o trabalho da prefeitura por causa disso”.

Já o secretário João da Costa disse somente que o apoio de 800 delegados, recebido por ele na caravana oficial, realizada no último dia 24, é a única resposta que tem a dar.

Por conta desse evento, o prefeiturável foi acusado de uso da máquina para antecipar a campanha eleitoral.