No mesmo dia em que os jornais locais estamparam a crise na saúde com mais cinco mortes nas UTIs do Recife, por falta de vagas, a Secretaria de Saúde apressou a contratação de vagas em hospitais privados.

Só o Hospital Alfa, em Boa Viagem, por exemplo, recebeu já nessa quinta (6), na UTI, 9 pacientes oriundos do Hospital da Restauração.

Na verdade, o Alfa tem hoje 19 leitos de UTI equipados, sendo dez reservados ao SUS e 9 a convênios particulares.

Os diretores estimam que, em janeiro, o número de leitos da UTI do hospital suba para 46, havendo a possibilidade de disponibilizar 20 para o SUS.

Na quarta-feira, o diretor executivo do Hospital Alfa, Eduardo Rocha do Ó, revelou a intenção de disputar e vencer a licitação para a compra de vagas de UTIs e outros leitores em hospitais da rede privada pela Secretaria de Saúde.

A iniciativa visa desafogar os hospitais públicos, como o HR.

Os editais foram divulgados ainda em setembro. “Tudo depende da negociação (de preços a serem pagos pelos leitos) na licitação de PPP em curso.

Não é nada tão absurdamente caro.

Vamos chegar a um acordo.

Já temos reuniões marcadas com a Secretaria de Saúde.

Somos a melhor opção enquanto o Estado não abre o novo hospital público em Paulista ou mesmo depois dele aberto, uma vez que não será um hospital de alta complexidade, como aqui.

Construir um hospital é barato.

Caro é o recheio”, compara o executivo.

Em um exemplo de como a terceirização poderia estar melhorando a área de saúde, Eduardo Rocha do Ó cita o caso do Procape, que opera com fila de espera para cirurgias do coração. “Aqui podemos desafogar o Procape também porque já fazemos cirurgias de revitalização do coração e neurológicas como no HR.

Por isto, este é o maior PAC da Saúde que o governo do Estado poderia criar, o edital de convênio com os hospitais privados para desafogar a saúde da população”, observou Eduardo Rocha do Ó.

O grupo está tão esperançoso por acreditar que os grandes hospitais concorrentes, como Português, São Marcos, Memorial, Esperança, entre outros, não operam com capacidade ociosa para oferecer novos leitos.

O Hospital Português é o único que tem planos de construir um novo prédio, voltado para o SUS, com 15 andares, mas um empreendimento deste porte pode durar até dois anos.