Nitroglicerina é a matéria-prima preferida pelo presidente venezuelano Hugo Chávez em seus pronunciamentos públicos.

Ora diz que o presidente George W.

Bush cheira a enxofre (como o Satanás), ora classifica o Congresso brasileiro de papagaio dos Estados Unidos, ora leva um “cala a boca” do rei Juan Carlos depois de destemperadas acusações contra um ex-dirigente espanhol.

Deve ser difícil estar sob seu governo.

Mas observar seus movimentos à distância até que é divertido.

Sempre gera uma boa discussão.

Basta ver o debate entre os leitores do Blog que comentaram o vídeo da “victoria de mierda”, em que ele desqualifica a vitória apertada da oposição no referendo do último domingo (2).

Colocamos o vídeo nessa quarta (5) e destacamos basicamente o trecho em que ele se refere a sua “derrota de coragem” e à “vitória de merda” dos adversários.

Mas todo o discurso, encerrado com um grito de guerra pela “pátria e o socialismo”, em pleno estúdio da tv, ao vivo, já se tornou antológico.

Por isso, pedimos à tradutora Cristina Huggins, professora de língua espanhola dos cursos de Relações Internacionais e Turismo da Faculdade Integrada do Recife - FIR, que traduzisse a íntegra do pronunciamento.

No vídeo distribuído mundo à fora pelo Youtube, Chávez começa empregando uma metáfora sobre os escudos de armas que adornam o Forte Tiuna, a maior base militar da Venezuela. “Às vezes esses escudos de armas têm uma espécie de ferrugem.

E isso tem dois contrastes: sangue e merda”, diz.

Em seguida, vem uma pancada sobre um oposicionista: “Toma nota, Lugo Galicia (jornalista do \EL Nacional): no que lhe diz respeito, cabe este último elemento, merda!”.

Mais adiante, ainda segundo a tradução de Cristina Huggins, Chávez lança o trecho explosivo. “Aqui o que existe é dignidade.

Deixem quieto a quem está quieto.

Saibam administrar sua vitória.

Mas já a estão enchendo de merda, é uma vitória de merda.

E a nossa chamem-na derrota, chamem-na, mas é de coragem, é de valor, é de dignidade.

Golpeie, império!

Veja, não nos movemos um milímetro!

Bom, nos moveremos, vamos adiante”.

PS: repare no sujeito que está ao lado de Chávez e que o presidente deixa com a mão no ar, sem cumprimentá-lo.

Não dá para saber se foi intencional.