Com 48 votos a seu favor e 29 contra, o senador Renan Calheiros (PMDB-AL) foi absolvido no processo que o acusava de quebra de decoro parlamentar por supostamente ser sócio oculto em grupo de comunicação de Alagoas.
Houve ainda quatro abstenções.
Uma das abstenções teria sido a do próprio Renan, como fez crer o presidente interino do Senado, Tião Viana (PT-AC), ao conduzir o processo eletrônico de votação. “O senador Renan Calheiros ainda não registrou o seu voto.
Vai se abster?”, disse.
A denúncia rejeitada pelos senadores nesta terça-feira foi veiculada pela revista Veja em 4 de agosto.
Reportagem afirmava que o senador seria sócio oculto de duas emissoras de rádio no Estado, e que \laranjas\ teriam participado do negócio de R$ 2,5 milhões em seu nome.
Posteriormente à compra, o filho do ex-presidente do Senado apareceu na composição societária de uma das empresas.
O negócio foi confirmado pelo ex-aliado do senador, o empresário João Lyra.
O senador já foi julgado pelo plenário em 12 de setembro, e foi absolvido pelo placar de 40 votos a 35 (além de seis abstenções).
Na primeira denúncia, Renan foi acusado pela revista Veja de ter despesas pessoais pagas pelo lobista Cláudio Gontijo, da empreiteira Mendes Júnior.
O dinheiro bancaria pensão e aluguel da jornalista Mônica Veloso, com quem o senador tem uma filha.
No Congresso, Renan disse que o lobista era seu amigo, mas negou ter recebido recursos.
A denúncia em que Renan Calheiros é acusado de ter intercedido no INSS (Instituto Nacional de Seguro Social) e na Receita Federal em nome da Schincariol, que tem como relator o senador petista João Pedro, sofreu sobrestamento, e está paralisada no Senado Federal.
OUTRAS DENÚNCIAS Renan terá ainda que se defender de mais três denúncias.
Bruno de Miranda Lins, ex-marido de uma assessora parlamentar, acusa o empresário Luiz Carlos Garcia Coelho (seu ex-sogro) de operar um esquema de arrecadação para Renan em ministérios comandados pelo PMDB.
O banco BMG seria beneficiado com a concessão de crédito consignado.
Em troca, a instituição financeira teria pago propina.
Este processo tem como relator no Conselho de Ética o senador Almeida Lima (PMDB-SE).
O senador também é acusado de ter usado um assessor da presidência, Francisco Escórcio, para espionar a vida de dois senadores da oposição - Demóstenes Torres (DEM) e Marconi Perillo (PSDB) - ambos de Goiás.
O presidente do colegiado, Leomar Quintanilha (PMDB-TO), ainda não indicou relator para esta representação.
O PSOL protocolou ainda em 18 de outubro na Mesa do Senado a sexta representação contra o ex-presidente da Casa.
Na denúncia, Renan é acusado de ter usado o cargo para praticar crimes de exploração de prestígio, tráfico de influência, intermediação de interesses privados, corrupção ativa e passiva e formação de quadrilhase ao ter repassado R$ 280 mil a uma empresa fantasma de um ex-assessor.
Renan Calheiros se licenciou do cargo de presidente da Casa pela primeira vez em 11 de outubro, sob pressão tanto de aliados quanto da oposição.
Em 21 de novembro, o senador renovou sua licença até 29 de dezembro.
Entretanto, hoje, ele renunciou ao cargo.
A renúncia de Renan pode tumultuar a votação da proposta que prorroga a CPMF (Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira) no Senado, que pode ocorrer até o final desta semana.
O presidente interino do Senado, Tião Viana (PT-AC), anunciou para a próxima terça-feira (11) uma reunião entre os líderes das bancadas para definir as diretrizes da sucessão.
Nomes de candidatos ao cargo vêm sendo discutidos desde a licença de Renan, em outubro.
No PMDB, há quatro candidatos à sucessão: Garibaldi Alves (RN), José Maranhão (PB), Edison Lobão (MA) e Valdir Raupp (RO). (Com o Uol)