Renan Calheiros (PMDB-AL) usou bem mais que os 30 minutos reservados para fazer sua defesa no processo a que responde por quebra de decoro parlamentar no Senado.
Daqui a pouco, será votada a cassação de seu mandato, com perda dos direitos políticos até 2022.
Ao contrário do senador Jefferson Péres (PDT-AM), relator do processo no Conselho de Ética, que falou apenas em alguns dos sete índícios relacionados e fez um discurso pouco objetivo, Renan respondeu ponto a ponto todas as acusações.
Disse que os documentos que o incriminariam são falsificados por João Lyra ou pessoas ligadas a ele, que todo o processo se baseia unicamente no testemunho falso do usineiro (seu inimigo político em Alagoas) e que não há ilegalidade no fato de seu filho ser sócio nas empresas de comunicação citadas. “Ele é sócio, eu não quis ser.
Mas é meu dever de pai ajudá-lo”, disse. “Se eu quisesse ser dono de rádio seria”, contou, afirmando que não há impedimento legal para isso.
Renan teve tempo ainda para ironizar o número de indícios contra ele. “O relator relacionou sete suposições classificadas de indícios”, afirmou. “Sete é um número curioso”.
Popularmente, o número sete é tido como conta de mentiroso. “Se essa moda pega, de condenar com base em indícios, em poucos meses vamos perder metade da representação do Senado Federal”, bateu.
O ex-presidente do Senado também ironizou o senador Marco Maciel que, mais cedo, citando o historiador e filósofo italiano Norberto Bobbio, disse que a realidade tem muitas faces. “O senador abriu aspas, fechou aspas e disse que a relidade tem muitas faces.
Mas a verdade é só uma.
E eu trago a verdade”.