Do jornal O Tempo, de Belo Horizonte O quinto dia de greve de fome do bispo de Barra (BA), dom Luiz Cappio, começou ontem com a visita de um grupo de pescadores de Alagoas e Pernambuco que foram a Sobradinho, no norte da Bahia, apoiar a luta contra a transposição do rio São Francisco.
Os pescadores chegaram por volta das 7h à capela de São Francisco, onde dom Luiz decidiu iniciar na quinta-feira a segunda tentativa de chamar a atenção da sociedade brasileira por meio de uma greve de fome.
Na capela, ele passou o dia rezando e recebendo visitas de católicos contrários à transposição do rio.
Conhecedores do temperamento de dom Luiz e da dedicação à luta em defesa do São Francisco, os irmãos dele chegaram ontem para ajudar.
Dom Luiz voltou a dizer que não há mais o que negociar com o governo. “Durante dois anos, nós tentamos todos os meios de diálogo, mas eles se negaram.
Só paro com a greve de fome após o arquivamento do processo de transposição”, afirmou.
O bispo de Barra bebe água de 30 em 30 minutos, mas, segundo a assessoria da Igreja Católica, ele não se alimenta desde quinta-feira.
A primeira greve de fome durou 11 dias, entre 26 de setembro e 5 de outubro de 2005.
Dom Luiz tem recebido também a visita de políticos, como os deputados Misael Neto (DEM-BA) e Roberto Carlos (PDT-BA), que tentaram, em vão, convencê-lo a buscar outros meios de contestar a transposição.
Enquanto a comunidade se solidariza com o bispo, o ministro da Integração Nacional, Geddel Vieira Lima, ironiza a luta do prelado.
Geddel afirmou ter pedido a Deus para devolver o bom senso a dom Luiz.
A atitude do bispo criou rachas na Igreja.
O bispo da Paraíba, dom Aldo Pagotto, considerou que a greve de fome é uma forma extrema de reação e que a posição de dom Luiz não leva em conta os Estados vizinhos da Bahia.