O Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco -CBHSF - através de sua diretória colegiada reunida na cidade de Maceió, em Alagoas, nesta quarta-feira, dia 28 de novembro de 2007, dirige-se à opinião pública brasileira para manifestar sua irrestrita solidariedade ao bispo de Barra, Dom Flavio Cappio, que iniciou nesta terça-feira, na cidade de Sobradinho, no Estado da Bahia, uma nova greve de fome em sinal de protesto contra a decisão do Governo Federal de dar início às obras do polêmico Projeto de Transposição das Águas do Rio São Francisco sem cumprir com acordo anteriormente firmado.

O CBHSF, ao tempo em que se preocupa com a vida de Dom Cappio, entende perfeitamente as razões pelas quais ele volta a assumir essa atitude de extrema coragem e desprendimento cívico e reconhece no seu gesto o sentimento daqueles que defendem o Velho Chico.

A greve de fome, vista sob esse ângulo, é uma tentativa patriótica cujo objetivo principal é, mais uma vez, sensibilizar o presidente da República, Luís Inácio Lula da Silva, e os membros do seu governo, para a necessidade de substituir a imposição do polêmico Projeto da Transposição pelo diálogo há tanto tempo prometido mas jamais concretizado.

Instituído conforme a lei 9.433/97 (Art. 38, incisos I,II,III) como entidade a quem cabe estabelecer as prioridades de uso da água e arbitrar, em primeira instância, os conflitos relacionados aos recursos hídricos no âmbito da bacia hidrográfica, o CBHSF anuncia que dará prosseguimento ao processo administrativo n° 01/2004 que trata do conflito provocado pelo Projeto da Transposição.

Tal processo pode resultar em proposta alternativa que contemple os estados da bacia e inclua áreas do semi-árido fora da bacia que comprovem escassez de água.

Em conseqüência, pede ao Governo Federal que suspenda a implantação do projeto até que o citado processo esteja concluído.

Tal atitude, se adotada pelo presidente da República, não somente abriria caminho para atender às demandas de Dom Cappio, como ensejaria a possibilidade de substituição de conflito tão desgastante por uma ampla negociação democrática, transparente e republicana que permita o encontro de soluções de menor custo, mais eficiência e maior grau de sustentabilidade sócio-ambiental para garantir o acesso à água em todo semi-árido, bem como a efetivação do pacto de gestão das águas da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco e a garantia da harmonia federativa.

Maceió, 28 de novembro de 2007 A DIRETORIA COLEGIADA DO CBHSF