Por Sérgio Montenegro Filho Alguns homens - a maioria deles, arrisco-me a dizer - se deixam inebriar pelo poder.
Ou pela sensação de poder.
Mas poucos devem ter atingido o estágio do presidente venezuelano Hugo Chávez.
Qualquer observador da cena política latino-americana já percebeu a dificuldade que ele enfrenta para conter sua ânsia de dominação, abrigada sob o discurso populista contra o monopólio imperialista.
Até aí, nada demais.
Não seria ele o primeiro a combater os norte-americanos.
Mas o discurso chavista, vez por outra, extrapola as fronteiras da Venezuela e invade a “intimidade” de governos alheios, causando estragos diplomáticos.
Recentemente, um desses arroubos envolveu o Legislativo brasileiro.
Criticado por alguns senadores por ter se recusado a renovar a concessão do canal de televisão venezuelano RCTV, contrário ao seu governo, Chávez reagiu classificando o Senado como “papagaio” do congresso norte-americano.
Forçou o presidente Lula, seu aliado, a dar-lhe um puxão de orelhas.
Mesmo a contragosto.
O último episódio protagonizado por ele, porém, só não beira o burlesco por ser grave.
Convocado pelo presidente da vizinha Colômbia, Álvaro Uribe, para participar das negociações para a libertação de reféns em poder de rebeldes das Farc, o venezuelano quis assumir o comando, atropelou o colega colombiano e tentou dar ordens diretamente ao Estado-Maior do país vizinho.
Quase provocou uma crise.
E terminou “dispensado” por Uribe.
Houve outros tantos “causos” que geraram atritos entre Chávez e governantes de países do Cone Sul.
Em contraponto, ele praticamente coordenou a campanha vitoriosa do aliado Evo Morales, na Bolívia.
Deu ordens, traçou estratégias eleitorais e até emprestou seu discurso populista ao líder indígena, que terminou eleito.
Fiel discípulo, Morales, de cara, já foi arrumando briga com o Brasil, envolvendo a estatização da distribuição de gás natural explorado pela Petrobras naquele país.
Hoje, porém, preocupado em garantir sua independência política, o boliviano se afastou do seu mentor.
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