O repórter João Valadares assina no Jornal do Commercio deste domingo (25) matéria detalhada sobre o papel desempenhado pelos chaveiros nas unidades prisionais de Pernambuco.
Chaveiro, para quem ainda não se acostumou ao vocabulário das rebeliões que se multiplicam no Estado (sem fazer distinção de governos), é o preso que, literalmente, tem sob o seu poder as chaves de celas e pavilhões.
E muito mais que isso.
Sob o olhar complacente das autoridades, estabelece um regulamento próprio, à margem da lei, com direito a imposição de “penas” para presos que saem da linha - até mesmo a morte, dependendo do grau da infração.
Atuando como verdadeiros agentes do Estado junto à população carcerária, também transferem colegas, acompanham a situação jurídica dos presos, cobram taxas dos detentos para reforma de pavilhões e têm acesso livre à direção.
Eleitos pelo “voto direto” dos presos para mandatos vitalícios, muitas vezes são motivo de motins e rebeliões quando se tornam tiranos. “Se não fossem os chaveiros, os presídios já tinham desmoronado.
Estavam podres e a crise seria gigante.
Agora, estão falando mal dos chaveiros.
Dizem que a culpa por tudo é da gente.
Isso é mentira.
A culpa é do governo que paga os nossos salários.
A gente é quem segura essa bomba.
Se a gente quiser, explode o sistema”, disse um chaveiro da Penitenciária Barreto Campelo, em Itamaracá, entrevistado por telefone. “Antigamente, os chaveiros eram os representantes dos presos (junto à direção do presídio).
Hoje, eles se transformaram em representantes do Estado (junto aos presos)”, avalia o presidente do Sindicato dos Agentes penitenciários de Pernambuco, Breno Rocha, na reportagem de João Valadares.
Nos posts a seguir, os principais trechos de uma entrevista reveladora feita pelo repórter com um ex-chaveiro do Aníbal Bruno (com áudio).