Da Folha Online, em Brasília O Planalto reagiu à declaração do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, que criticou indiretamente hoje a baixa escolaridade do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Sem citar nomes, FHC disse que o PSDB possui acadêmicos. “Faremos o possível e o impossível para que saibam falar bem a nossa língua. É por isso que em Minas Gerais o ensino passou para nove anos, e não quatro.

Queremos brasileiros bem-educados, e não liderados por gente que despreza a educação, a começar pela própria”, disse FHC no encerramento do 3º congresso do PSDB, em Brasília.

A declaração de FHC irritou integrantes do Planalto.

O novo ministro de Relações Institucionais, José Múcio Monteiro, foi escolhido porta-voz do governo para falar sobre o assunto. “Conhecendo a biografia do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, não acho essa uma declaração parecida com sua história nem que engrandece os brasileiros que o admiram”, afirmou Múcio, que assumiu ontem o ministério.

Múcio repetiu uma antiga declaração de Lula e afirmou que FHC não sabe se comportar como ex-presidente. “Gosto muito do modelo americano: o ex-presidente não critica quem está na gestão.

Acho [ISSO]elegante e ajuda o país.” No final de setembro, Lula deu uma declaração parecida sobre FHC para a Record News.

Na ocasião, Lula afirmou que perguntou ao ex-presidente norte-americano Bill Clinton sobre a relação dos democratas com a ação de George W.Bush no Iraque. “Ele me disse que nos EUA os ex-presidentes não dão palpite em tomadas de posições de atuais presidentes.

FHC não soube se comportar.

Deu palpite o tempo inteiro”, disse ele na época.

Elitizinha Hoje, FHC disse que uma “elitizinha apressada se abotoou no poder”, numa referência direta ao PT. “Somos gente que estuda e trabalha.

Trabalha e estuda.” Na opinião de FHC, “a nova força” política do país organizada pelos tucanos só vai sair vencedora nas urnas se “além da unidade for capaz de falar com o povo brasileiro”.

FHC reconheceu, também, que o PSDB terá que fechar um discurso único para convencer os eleitores a migrarem para o partido. “O objetivo é unir o partido para a vitória.

Vitória que vem com voto.

De que serviu a vitória do presidente Lula comparada com os ideais que ele pregava?

Não será fácil para ninguém.

Mas será mais fácil para nós na medida em que tivermos a unidade, que estivermos junto ao povo”, afirmou o ex-presidente.