Por Edílson Silva Esta semana os servidores da área de saúde de Olinda iniciaram uma campanha denominada “Fora João Veiga”.
O dito cujo é nada menos que o secretário de saúde do município.
Exageram os servidores?
Tudo indica que não.
A lista de reclamações dos servidores é extensa e algumas foram bastante divulgadas pela mídia.
Um dos casos mais comentados foram os tapurus encontrados na alimentação dos plantonistas da secretaria, porém este caso é dos menos graves.
Um dossiê que está sendo preparado pelo SISMO, Sindicato dos Servidores Municipais de Olinda, revela uma situação quase inacreditável na saúde do município.
Na ponta do sistema, no atendimento aos cidadãos, pobres em sua quase totalidade, está a situação mais dramática.
Faltam médicos e medicamentos, uma situação que não é exclusividade de Olinda, é certo.
Mas em Olinda as ambulâncias do SAMU circulam com pacientes assistidos apenas com auxiliares de enfermagem, quando o procedimento correto seria com no mínimo um médico e um enfermeiro, mais o auxiliar.
Os poucos médicos que estão resistindo às duras condições de trabalho o fazem em protesto, chegando a trabalhar de preto em algumas ocasiões para demonstrar a insatisfação.
Os salários são arrochados, faltam medicamentos elementares e até papel para prescrição de medicamentos, procedimento que está sendo feito em pequenos pedaços de papel, muitas vezes solicitados dos próprios pacientes.
A maternidade e os SPAs estão funcionando precariamente, muitas vezes chegam a fechar as portas por absoluta falta de condições mínimas para abrir as portas.
Nessas horas, quando os pacientes pensam que a secretaria de saúde providenciará o transporte para outras unidades, sobretudo para Recife, são avisados que as ambulâncias estão quebradas.
Além dos problemas na ponta, o secretário é responsabilizado por uma gestão truculenta e desastrosa nos recursos humanos.
Os salários arrochados são um problema mais de responsabilidade do conjunto do Executivo Municipal, mas a gestão interna da secretaria revela o toque pessoal de João Veiga e sua equipe.
O secretário foi o responsável pela demissão de duas profissionais de saúde que integravam o Conselho Municipal de Saúde, instrumento de fiscalização da sociedade sobre a gestão da saúde municipal.
As duas conselheiras eram das únicas que cobravam explicações e soluções para os graves problemas da saúde em Olinda.
Simultaneamente, a secretaria não faz sua prestação de contas financeira.
Uma mistura perigosa: falta de prestação de contas e de fiscalização.
Os servidores também denunciam a transformação da secretaria de saúde num grande cabide de emprego.
São centenas de contratos temporários, que contrastam com a colocação à disposição de servidores de carreira e concursados.
Há vários casos de ações junto ao Ministério Público, solicitando ajustes contra assédio moral praticado pelos gerentes da equipe de João Veiga.
Estes assédios se dão em forma de transferências, desvios forçados de função, que são na verdade perseguições contra os que se queixam dos desmandos e do caos instalado.
Os gerentes são trocados com freqüência, obedecendo indicações políticas e desintegrando qualquer possibilidade de coerência gerencial.
Cada gerente que chega estabelece uma rotina, novos procedimentos, desorganizando qualquer planejamento e aprofundando o caos.
As várias associações que atuam no âmbito da secretaria vêm há tempos buscando soluções negociadas, reuniões infindáveis já foram realizadas, no entanto a intransigência e o uso da força tem sido a base do diálogo alcançado.
Neste cenário, a sociedade civil, os cidadãos olindenses, as pessoas preocupadas não só com a saúde pública em Olinda, mas também com a saúde da democracia, precisam estar ao lado dos servidores e dos usuários. “Especialistas” na política de Olinda falam abertamente na cidade que João Veiga não cai por que detém em sua secretaria muitos votos e cabos eleitorais, num esquema montado a partir das contratações temporárias.
Caberá, portanto, à prefeita Luciana Santos o ônus ou o bônus de manter ou não um secretário fartamente denunciado por sua incompetência e conduta ética.
A sociedade civil está fazendo a sua parte.
PS: Edilson Silva é presidente do PSOL/PE e escreve às sextas para o Blog do Jamildo.