De O Globo O presidente nacional da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Cezar Britto, acusou o Poder Judiciário de investir mais na construção de edifícios do que no combate à morosidade da Justiça.
Para ele, as verbas destinadas a obras nos tribunais deviam ser usadas para melhorar o atendimento aos cidadãos que buscam seus direitos, especialmente nas varas de primeira instância.
O Judiciário tem priorizado a construção de novas sedes, não raro suntuosas, em detrimento da ampliação de varas e da contratação de servidores concursados.
Essa inversão de prioridades tem contribuído para a morosidade da Justiça - criticou o presidente nacional da OAB.
Na terceira reportagem da série sobre as mordomias nos três poderes, O Globo mostrou ontem que o Judiciário planeja gastar, nos próximos cinco anos, R$ 1,2 bilhão na construção de edifícios em Brasília.
O presidente da Associação de Juízes Federais do Brasil (Ajufe), Walter Nunes, se disse surpreso ao conhecer despesas com regalias como a compra de tortas e doces para o lanche de ministros.
Ele também criticou o volume de recursos destinados à construção de tribunais: - É importante um Judiciário bem equipado, mas a construção de prédios de luxo desse porte não se justifica.A compra de carros de luxo para a frota oficial dos tribunais superiores e do Supremo Tribunal Federal foi atacada pelo presidente da OAB no Rio, Wadih Damous.
Ele lembrou que a Suprema Corte americana tem apenas um automóvel à disposição do seu presidente - os outros juízes se deslocam em veículos particulares.
Damous cobrou mais atenção do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) aos gastos dos tribunais.
Para ele, o órgão tem se dedicado mais a questões individuais que envolvem juízes do que ao acompanhamento de despesas: - O conselho é omisso na fiscalização de gastos dos tribunais e mordomias concedidas aos juízes.
Gastança inaceitável .Para o deputado Flávio Dino (PCdoB-MA), juiz federal aposentado e ex-secretário-geral do CNJ, o Judiciário canaliza verbas para o aumento da máquina sem a preocupação de melhorar os serviços: - É um samba de uma nota só: mais juízes, mais funcionários, mais prédios.
Os tribunais não perceberam que o ciclo de expansão da burocracia judiciária se esgotou.