Por André Regis Hugo Chávez é um ditador.

Na Venezuela a democracia está morta.

O sistema político venezuelano não mais abriga o princípio da separação dos poderes, que desde sua concepção por Montesquieu tem-se constituído num dos pilares da cidadania.

Lamentavelmente, no desentendimento entre o rei Juan Carlos da Espanha e o ditador venezuelano, o Presidente Lula tomou, sem nenhuma necessidade, partido por Chávez.

E o pior, afirmou que Chavéz pode ser acusado de tudo menos de antidemocrata, pois foi eleito e reeleito.

Entretanto, nosso Presidente deveria saber que eleições constituem apenas um dos pré-requisitos para a democracia.

Posteriormente, o Presidente da Câmara, em visita a Pernambuco, afirmou que na Venezuela tudo foi feito de acordo com a lei.

Verdade.

Assim também ocorreu na Alemanha nazista, ou na Itália de Mussoline.

Não obstante esses disparates, acordo com a Freedom House a Venezuela de Chávez já não mais está entre os países que prezam pela liberdade.

A não renovação da concessão da principal emissora de TV (RCTV), por considerá-la subversiva e a ação de milícias armadas constituem evidências do autoritarismo chavista.

Hoje o que há na Venezuela é uma tirania apoiada pela maioria da população.

A minoria tem sido massacrada, e está a cada dia mais fraca e sem instrumentos para reagir.

Prova disso é que os estudantes apanham nas ruas.

Esquece também o presidente que Chavéz em 1992, ainda como coronel, tentou golpe de estado.

O sucesso eleitoral de Chávez é explicado não pelo o seu discurso político, afinal, seu socialismo bolivariano é do ponto de vista teórico uma aberração, não passa de justificativa para sua perpetuação no poder.

De fato, ele é decorrente do alto preço do petróleo.

Quando de sua chegada ao poder, o barril custava no mercado internacional, aproximadamente, US$ 10, hoje vale mais de US$ 100.

Usando a infame estratégia do dividir para governar, parte dos recursos provenientes da venda do petróleo é destinada aos mais pobres em termos de programas assistencialistas.

Em troca, Chávez restringe as liberdades civis, atingindo principalmente a classe média, com o apoio dos mais pobres.

Este fenômeno foi denominado por Thomas Friedman de “petropolítica”.

Em sua opinião, quanto mais sobe o preço do petróleo mais diminui a liberdade nos países exportadores e ainda não plenamente democráticos, como o Irã, a Nigéria, a Rússia e a Venezuela.

Vale destacar o similar comportamento estapafúrdio do presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad (que recentemente afirmou que Israel deveria ser destruído, e mantém um programa nuclear contra tudo e contra todos.

Sem falar na sua afirmação de que em seu país não existe homossexualismo).

Por outro lado, quanto mais cai o preço mais aumentam as chances da liberdade prosperar.

Assim, paradoxalmente, o azar da Venezuela é ter petróleo em excesso.

Na prática, Chávez compra o apoio dos mais pobres com o dinheiro do petróleo.

A situação econômica, apesar do ambiente internacional favorável, é ruim.

A inflação é alta e a corrupção fora do controle.

Sem falar na fuga de investidores estrangeiros.

Lamentavelmente, a Venezuela perdeu uma oportunidade histórica excepcional.

Poderia ter fortalecido sua economia e consolidado em definitivo sua democracia.

Infelizmente, o caminho escolhido pela a maioria foi a ditadura.

Por fim, vale o alerta, não podemos deixar que aconteça aqui semelhante processo de desmanche democrático como o promovido pelo chavismo, principalmente, depois da descoberta das novas reservas de petróleo, no mega campo Tupi.

Lula, ao afirmar que vê com naturalidade a perpetuação no poder do ditador, sugere que deseja um terceiro mandato.

A ameaça é real.

Precisamos reagir antes que seja tarde PS: André Regis é Ph.D. em Ciência Política pela NSSR de Nova York, Doutor em Direito pela UFPE e Conselheiro Federal da Ordem dos Advogados do Brasil por Pernambuco.