Por Isaltino Nascimento Hoje, 20 de novembro, pode ser um dia como outro qualquer para muitas pessoas.
Mas para nós, negros, é uma data carregada de muito simbolismo.
Esse sentido todo especial se dá em função de ser o Dia Nacional da Consciência Negra.
A data foi institucionalizada em 1978, não por acaso, em homenagem a Zumbi, líder máximo do Quilombo de Palmares e símbolo da resistência negra, assassinado em 20 de novembro de 1695.
E é de Zumbi que começo falando.
Elemento sintetizador da luta pela liberdade dos negros em nosso País – sem esquecer outros líderes importantes como Malunguinho e Dandara -, seu sonho permanece pulsante em nossas almas.
Passados 312 anos da morte de Zumbi, sua história nos orgulha e é espelho para continuarmos denunciando, protestando e resistindo, já que neste país ainda são muitos os que sofrem na pele o preconceito.
Para enxergarmos esta realidade não é preciso nem consultar os indicadores sociais.
Basta que olhemos para os lados.
O grau de exclusão da população negra – maioria na sociedade brasileira – é avassalador.
Infelizmente, ainda é difícil o acesso à moradia, à escola, à saúde, ao emprego, à remuneração mais justa, enfim, a melhores condições de vida.
Por isso, hoje é dia de denunciar a existência do racismo e de propor ações para combatê-lo de forma ativa.
De protestar por ainda haver uma democracia relativa com relação aos negros, que não têm as mesmas oportunidades da elite branca. É dia de resistir, de brigar pela implementação de ações que venham a diminuir as diferenças entre os negros e os não negros.
Momento de alimentar a esperança do nosso povo.
Dia, sobretudo, para revitalizar e fortalecer na população negra o sentimento de que ela deve se reconhecer positivamente e assumir os desafios que tem pela frente para garantir uma vida com qualidade. É dia, principalmente, de refletir sobre a inserção do negro na sociedade brasileira, de cobrar mais espaço no mercado de trabalho, de buscar a ampliação das cotas universitárias.
Ou seja, de destacar a importância da implementação de políticas afirmativas, visando nivelar os desníveis sociais e oferecer oportunidades àqueles que por gerações tiveram negada a chance de viver com dignidade.
Só assim poderemos contribuir para que haja de fato redirecionamento do futuro da sociedade brasileira rumo a uma nova história.
Na qual possamos conquistar uma convivência plural na sociedade e, principalmente, perspectivas de melhores dias para os nossos irmãos afro-descendentes.
Enfim, que possamos tornar mais justa a realidade, dissociando a cor da pele negra da marginalidade, da pobreza, da exclusão social.
Ou seja, que possamos mostrar todo nosso valor e dignidade.
PS: Isaltino Nascimento (www.isaltinopt.com.br), deputado estadual pelo PT e líder do governo na Assembléia Legislativa, escreve às terças-feiras aqui no Blog.