A deputada Terezinha Nunes (PSDB) denunciou nesta segunda (19), na Tribuna da Assembléia, a distribuição de alimentos, fora do prazo de validade, para famílias carentes de Pernambuco, pelo programa Fome Zero.
Os alimentos - um caminhão de frangos - foram entregues à população do município de Sertânia, no sertão pernambucano, entre os dias 18 e 21 de outubro deste ano, quando o prazo de validade havia sido encerrado oito dias antes.
Presidente da Comissão de Defesa da Cidadania da Assembléia Legislativa, a deputada disse que “embora não tenham sido constatados, até agora, os danos por ventura causados aos consumidores pelo produto estragado, é preciso que se punam os responsáveis pelo crime e se responsabilizem os coordenadores do movimento Fome Zero, do Governo Federal.
As famílias carentes de Pernambuco não precisam desse tipo de esmola, um verdadeiro presente de grego” - afirmou.
Ao anunciar que encaminhou ontem mesmo denúncia ao Ministério Público sobre o fato, solicitando providências e anexando farto material em que fica provado o delito, Terezinha Nunes explicou que só resolveu tornar pública a denuncia depois que tudo ficou comprovado.
Ela explicou que recebeu inicialmente correspondência dos vereadores Luiz Abel de Albuquerque Arruda, Bartolomeu Brasilino e Gustavo Lins que estranharam a distribuição dos frangos sem que constasse o prazo de validade na embalagem do produto. “Resolvemos então enviar correspondência para a empresa responsável pelo produto, o Matadouro Avícola Flamboiã, com sede em São Paulo e que, em ofício enviado à comissão, não só comprovou toda a denúncia como afirmou que o frango saiu da sede da empresa com prazo de validade impresso e que, se foi distribuído sem este prazo na embalagem, é porque a mesma foi rasurada, o que comprova o dolo”.
Segundo a empresa, o lote de frango que acabou em Sertânia foi apreendido pelo Ministério da Agricultura em 13 de dezembro de 2006, sob alegação de que a carcaça possuía mais água que o regular.
Após a apreensão, o fiscal federal agropecuário, Otoniel dos Santos Gomes, doou a mercadoria ao programa Fome Zero.
Segundo a deputada “é preciso saber o que aconteceu depois disso.
Se o frango foi acondicionado adequadamente, pois sem isso ele pode se deteriorar antes mesmo de vencido o prazo de validade, descobrir quem retirou a data de vencimento da embalagem e, finalmente, quem remeteu a mercadoria para as pessoas carentes do município de Sertânia”. “É necessário ir até o fim nesta investigação - afirmou Terezinha- pois, a continuar esta prática, podemos vir a nos surpreender qualquer dia com um grande escândalo nacional envolvendo a distribuição desses alimentos pelo Fome Zero e aí vamos ter que chorar pelo leite derramado”.