A operação, ocorrida em 20 de setembro de 2002, foi desencadeada em decorrência das investigações da CPI do Narcotráfico da Câmara, que resultou também na apreensão de empresários que falsificavam cigarros.
Em 2003, após ouvir os depoimentos dos irmãos Alexandre e Ricardo Martins Pereira, presos pela Polícia Federal no dia 20 de setembro do ano passado durante a “operação vassourinhas”, em Pernambuco, o deputado Josias Quintal (PSB-RJ), integrante da CPI da Pirataria, anunciou que irá solicitar a convocação do delegado José Milton, responsável pela operação.
Os irmãos foram convocados para dar explicações sobre denúncias de venda de cigarros falsificados e sonegação de impostos por três distribuidoras de propriedade da família no estado de Pernambuco: Ouro Verde, Suprema e Disnorte.
NÃO SEI PORQUE FUI PRESO” Tanto Alexandre como Ricardo negaram que as empresas estivessem envolvidas em falsificação de cigarros e sonegação de impostos.
Os irmãos disseram, ainda, que a Polícia Federal cometeu um engano ao prendê-los.
Embora tivesse ficado preso por dez dias, Alexandre surpreendeu os parlamentares ao apresentar uma certidão expedida pelo Departamento de Polícia Federal de Pernambuco que informa não existir inquérito policial na Superintendência Regional contra o empresário.
Ele também causou espanto ao afirmar que não foi informado pela PF sobre o motivo de sua prisão. “Foram batidas várias fotos minhas no ato da apreensão, meu nome foi divulgado em toda a Imprensa do Brasil, meu retrato saiu na 1º página do Diário de Pernambuco como contrabandista de cigarros e vendedor de cigarros com selo falso.
Até hoje, ninguém conseguiu provar nada contra mim e, até hoje, não sei por que eu fui preso”.
O deputado Reginaldo Germano (PFL-BA) questionou o porquê de ele não ter entrado com um processo por danos morais contra a Polícia Federal, já que se trataria de um engano.
O empresário alegou falta de recursos para pagar um advogado.
Os dois disseram, em depoimento separados, que estão desempregados e passando por dificuldades financeiras.
FALSIFICAÇÃO DE SELOS Ricardo Pereira informou ter sido proprietário, há quatro anos, apenas da distribuidora Disnorte, mas não das distribuidoras Ouro Verde e Suprema.
Ele contou que distribuidora fechou por causa da concorrência e que comercializava as marcas Philip Morris, Sibrasa e America Virgini.
Segundo o empresário, ele havia comentado com o agente da polícia Queiroga que um funcionário da Sudene, Sílvio Gomes, havia lhe oferecido uma folha de papel ofício com o carimbo da Casa da Moeda, utilizado para falsificar os selos dos cigarros.
Seguindo as orientações do agente Queiroga, Ricardo adquiriu uma das folhas e a repassou para o agente, que, em seguida, a encaminhou a um perito.
Ele constatou que a folha não era oficial.
DEPOIMENTOS NÃO CONVENCEM O presidente da Comissão, deputado Medeiros (PL-SP), o relator, deputado Leonardo Picciani (PMDB-RJ), e o deputado Josias Quintal (PSB-RJ) disseram que, embora os irmãos tenham negado as acusações de sonegação de impostos e falsificação de cigarros, não convenceram a CPI.
Para o deputado Josias Quintal, o depoimento dos irmãos sobre a operação vassourinha não está satisfatório.
Para ele, não ficou claro por que eles não processaram a polícia. “É estranho, porque quem deve teme.
Eu não entendo como é que esses empresários, de uma família tradicional naquela região do Nordeste, são presos, humilhados, e eles aceitam isso aí, ficam dez dias presos e depois não processam a polícia, não movem nenhuma ação, nem criminal nem civil”.
Com informações da Agência Câmara, em 19 de setembro de 2003