A presidente da União Nacional dos Estudantes (Une), Lúcia Stumpf, criticou nesta quinta (8) o grupo que ocupa a reitoria da UFPE desde o dia 26 de outubro em protesto contra o Reuni (plano de investimentos do governo nas universidades públicas federais do País). “Essa oposição ao Reuni encontra eco na elite e em setores da classe média que não querem a ampliação de vagas nas universidades”, avaliou, em visita ao Blog de Jamildo.

Para ela, o movimento de ocupação da reitoria, que se repete em outras universidades do País, é partidário. “Os grupos que ocupam fazem oposição ao governo federal.

A liga nacional entre eles é feita pelo PSTU”, afirmou.

Em Pernambuco o PSOL também dá sua contribuição. “Passei em muitas salas de aula hoje (na UFPE) e comprovei que, na prática, esse grupo que está na reitoria é minoritário”, contou a dirigente estudantil.

Na manhã desta quinta, Lúcia Stumpf participou de uma aula pública ao ar livre, no câmpus da UFPe, em apoio ao Reuni.

O ato, organizado pela União dos Estudantes de Pernambuco (UEP), em parceria com a Une, Ubes e Umes, contou com a presença do reitor Amaro Lins e de estudantes secundaristas.

Ela não se encontrou com o pessoal que está entricheirado.

E foi enfática. “Espero que saiam de lá.

Estão atrapalhando a vida acadêmica”, avaliou.

Lúcia Stumpf disse que não é contra a ocupação da reitoria como um mecanismo de reivindicação dos estudantes.

Mas acredita que, neste caso, o grupo já atravessou a fronteira do bom senso.

Até porque, na sua avaliação, as metas e diretrizes estabelecidas pelo Conselho Universitário da UFPE para a implantação do Reuni na Federal trazem vantagens para a universidade.

MAIS POBRES A presidente da Une destacou como principal ponto do Reuni da UFPE a abertura de 1.419 vagas para estudantes (crescimento de 24,47%), sendo que 770 delas destinadas a cursos noturnos. “O principal problema da universidade pública no Brasil hoje é abarcar apenas 2% da juventude brasileira”, analisou.

Neste sentido, no seu entender, ampliar o número de vagas e privilegiar os cursos noturnos é dar mais chances para o estudante pobre, que tem de trabalhar de dia para se sustentar.

Por isso, ela entende que ficar contra a ampliação de vagas, logo de saída, em nome da qualidade do ensino, é adotar uma posição covarde.

A luta pela qualidade, lembra, é permanente.

Mas não é todo dia que aparece a chance de ampliar espaços no ensino superior.

Cada universidade pública federal do Brasil teve autonomia para estabelecer suas metas e diretrizes próprias de implantação do Reuni.

O projeto da UFPE, no entender de Lúcia Stumpf, está entre os mais positivos do País.

Além da ampliação de vagas, também prevê a contratação de 400 professores e 600 servidores ao longo dos próximos cinco anos.

Isso sem falar numa série de medidas voltadas para dar suporte aos estudantes carentes, como a duplicação no número de alojamentos femininos, o aumento em 25% dos masculinos, a manutenção de 13% do orçamento para bolsas e a retomada do restaurante popular.

CRÍTICAS Embora elogie o Reuni aprovado pelo Conselho Universitário da UFPE, Lúcia Stumpf reconhece que, de maneira geral, o programa foi pouco debatido pela comunidade acadêmica no País - crítica maior dos estudantes que ocuparam a reitoria no dia 26 de outubro.

Ela também lamenta que o orçamento do MEC para 2008 permaneceça limitado a 3,8% do PIB, significando que, para implantar o Reuni, o governo federal não vai aumentar e sim remanejar recursos dentro da própia área de atuação do Ministério.

A presidente da Une defende que o governo faça valer a versão original do Plano Nacional de Educação que previa o investimento de 7% do PIB no setor.

Leia o que já publicamos sobre o assunto aqui.