A audiência sobre os presídios femininos foi marcada pela exposição dos juízes das execuções penais, Abner Apolinário, que, na interinidade no cargo, baixou portaria proibindo a convivência de crianças com as detentas e determinando a retirada das mesmas do presídio, e o juiz titular Adeildo Nunes que revogou a mesma portaria, argumentando que não se pode de uma hora para outra mudar por completo as regras no sistema penitenciário, sob pena de se gerar o caos. “Se eu fosse querer que hoje se aplicasse no sistema prisional de Pernambuco tudo que está previsto na legislação – disse Adeildo – eu iria, no dia seguinte, ser obrigado a fechar os 17 presídios e as 94 cadeias existentes”.
Ana Moura, porém, afirmou aos dois juízes que pretende até o natal inaugurar a creche.
Ela relatou que é difícil conseguir recursos para o sistema prisional, daí ter apelado para empresas privadas no sentido de obter os recursos para construir a creche. “O estado vai entrar apenas com a mão-de-obra, que será constituída de presos, e com a fiscalização da obra”, comentou.
A deputada Terezinha Nunes disse, após a audiência, que “o objetivo foi atingido no sentido de se ter certeza que o problema hoje existente no Bom Pastor vai ser resolvido”.
Destacou, porém, que é preciso ver a situação das demais penitenciárias do estado.
Ela relatou ter ficado chocada com o depoimento da diretora da penitenciária sobre a convivência de crianças com detentas quando relatou que, há poucos dias, ficou sem ter onde abrigar uma criança cuja mãe foi agredida por outra detenta. “A agressora jogou água quente na mãe e quase atingiu a criança.
O pior foi resolver o problema da criança, cuja mãe teve que ser hospitalizada.
Ainda pensei em levá-la para casa, mas fui aconselhada pelos próprios juízes a não fazer isso.
Então consegui que outra detenta ficasse com a criança provisoriamente”, disse a diretora.