Depois de 18 dias de viagem à Ásia, o prefeito do Recife João Paulo (PT) voltou falando em bom senso, equilíbrio e meditação ao comentar as críticas que foram disparadas na sua ausência sobre a condução do processo sucessório. “Meditei, meditei muito.
Inclusive no berço da meditação que é a Índia e não mudei nada.
A meditação ajudou a consolidar o que eu já pensava”, disse sorrindo, na sala vip do Aeroporto Internacional dos Guararapes, onde reassumiu formalmente a Prefeitura do Recife, na presença do vice Luciano Siqueira (PCdoB), da bancada do PT na Câmara e do secretário João da Costa, seu preferido para substituí-lo a partir de 2009. “Em política, futebol e religião, há uma tendência a falar o que não se deve falar”, avaliou. “Nas declarações que foram dadas, tem coisas que essencialmente foram exageradas.
Houve também recuos.
Isso reflete o ambiente pré-eleitoral”.
Questionado pelos jornalistas sobre a que declarações estava se referindo, especificamente, João Paulo preferiu não apontar qualquer uma em particular. “Vocês sabem do que eu estou falando”.
GOELA ABAIXO Há duas semanas, durante o périplo de João Paulo pela Ásia, o secretário estadual das Cidades, Humberto Costa cobrou: “Recife jamais aceitou um projeto de goela abaixo.
Não aceita que só possa ser candidato quem está perto do prefeito.
Ninguém vai impor candidato ao PT”.
Dois dias depois, foi a vez do deputado federal, Carlos Wilson bombardear o prefeito, afirmando que ele “não é o dono do PT” e deveria ser mais humilde.
Neste contexto, o presidente estadual da legenda, Dilson Peixoto, do grupo de Humberto, levantou a possibilidade de que o partido poderia apoiar um postulante de outra sigla e voltou a defender que todos os candidatos deviam ser levados em consideração.
Depois de dançar maracatu no desembarque, JP pediu calma. “Precisamos apostar no entendimento.
Primeiro no PT e depois com os partidos aliados”, convidou. “Até janeiro, vamos conversar, conversar e conversar”.
RAULS O prefeito também avaliou a decisão do PMDB no sentido de “oficializar” a pré-candidatura do deputado federal Raul Henry.
E para ele nada muda no ritmo como pretende continuar conduzindo a sua sucessão. “O PMDB tem o tempo dele e nós temos o nosso. É uma outra cultura partidária”, disse.
Já o secretário de Planejamento e Orçamento Participativo João da Costa, preferido de João Paulo, entende que os movmentos de Raul Jungmann (PPS) para se consolidar como candidato acabaram apressando o PMDB a colocar na rua o bloco do outro Raul, o Henry.
Afinal, os dois representam mais ou menos as mesmas forças.
João da Costa diz que os índices que apresenta nas mais recentes pesquisas sobre sucessão não o preocupam nem o fazem querer adiantar a definição da sua candidatura. “Ainda temos mais de um ano de governo.
Não podemos parar para discutir sucessão”, afirmou o secretário que, nesta terça (6), completou 47 anos. “Coordenei 4 campanhas de João Paulo, dirigi o guia três vezes.
Tenho experiência de campanha.
Essas pesquisas não dizem nada.
A população só toma posição dois meses antes de votar”, confia.