Caro Jamildo, eis a opinião de um leitor neófito em segurança, mas de relativa experiência em gestão pública: Quando a imprensa define uma pauta não está preocupada, pelo menos inicialmente, com o governo, mas sim com as páginas em branco que tem que ser preenchidas com notícias quente.
O Secretário Evaldo Costa, que é do batente, sabe exatamente como a coisa funciona.
Sei que o governador não come papa quente, mas ao ser mantida a mesma estrutura, a mesma cultura, os mesmos gestores e os mesmos paradigmas, seis meses é pouco, um ano será pouco, assim como oito anos também pode ter sido pouco.
A propósito do Pacto com a Vida, não obstante a inciativa louvável do Governador, já sabíamos de antemão que não ia acontecer como previsto por uma única circunstância: O Plano foi concebido e parece ser coordenado por assessor que não tem “caneta”.
Apesar de todos os méritos do assessor e da forma sistêmica como foi elaborado, o Plano não terá o sucesso esperado, simplesmente pelo fato de não ser coordenado diretamente pela área fim e de se confundir objetivos com desejos.
Um Plano dessa envergadura, apesar do apoio do Governador, não pode ser coordenado por nenhum aspone, - que é como são considerados assessores especiais dos governos.
Pois, se não me falha a experiência feita, é assim que o Plano é visto pelas áreas fins da segurança que tem méritos, mas é extremamente conservadora e produndamente política.
A falta de outros argumentos, veja que na história de poder das repúblicas, o único aspone que faz algumas estripulias mesmo sem sucesso é o Marco Aurélio Top Top Garcia.
Daí porque, mesmo que tenha a contribuição de qualquer assessor ou consultor externo, os planos estratégicos, além do respaldo do governador, devem encarnar e ser a vitrine dos responsáveis diretos pelas atividades fins.
Devem se escudar nos operadores que tem o poder formal e real.
Quando isso não acontece, tudo pode até ser resolvido… menos a intenção de relacionar as coisas com o Plano.
Em São Paulo, o Plano de Segurança de Serra está dando certo porque foi elaborado com participação direta das áreas fins, que incorporou às suas áreas seus objetivos e sua vitrine e tem compromisso direto do governador que, apesar de ser tucano, não tem ficado em cima do muro nestas questões.
Aliás, em São Paulo a Segurança (considerada uma das mais corruptas do país, principalmente pelo tamanho e complexidade) é coordenada diretamente pelo Governador, e já apresenta sinais de melhoria, particularmente, com respeito ao sistema penitenciário.
Em Pernambuco, apesar do esforço visível nesse sentido, a presença do governador nos fatos mais graves, tem característica ciclotímica.
E o secretário de segurança que alçou vôo federal, realmente, já deixa saudades.
Todavia, como seis meses é pouco, é preciso dar tempo ao tempo e rezar.
PS: Carlos Fernandes é professor da UFRPE Por Carlos Fernandes