Uma fala atribuída ao maestro John Neschling, da Osesp, em que ele chama o governador José Serra de “menino mimado” e “autoritário” foi parar no YouTube há três dias e está incendiando o mundo da música clássica em SP -e também o Palácio dos Bandeirantes, onde Serra despacha.
As falas creditadas ao maestro teriam sido gravadas sem que ele soubesse, em ensaios realizados em abril e julho deste ano.
Na época, Serra não escondia a intenção de tirar o maestro da orquestra.
Ele acabou ficando no cargo porque tem o apoio dos conselheiros da Fundação Osesp, que recebe verbas do governo, mas tem independência.
Por meio da assessoria, a Fundação Osesp afirma que Neschling está em turnê na Argentina.
Não nega o conteúdo das falas, mas diz que o maestro não comentará o fato de ter sido gravado.
A assessoria afirma também que “o assunto é antigo e as duas partes envolvidas [governo Serra e Osesp] superaram a questão e se resolveram”.
A assessoria de Serra diz que ele “está em Zurique” e não tomou conhecimento do vídeo.
Abaixo, os principais trechos que estão no YouTube, com o título “Neschlíngua”: “Eu tenho tomado porrada de todos os lados todos os dias. É coisa de louco.
Mas a Mônica Bergamo hoje me sacaneia. É uma sacana.
Essa mulher “tá” me sacaneando sistematicamente.
Tentando criar um fato que não existe.
Em realidade…ele até existe [Neschling se refere a notícias publicadas na coluna de que Serra pretendia tirá-lo da Osesp].” “Existe um mal-estar do governo em relação a mim, pessoalmente, por uma questão meramente de querer mandar.” “Acontece que tem um conselho.
A Fundação [OSESP]tem um conselho e o conselho não abre mão de mim (…) E o conselho manda.
E o governador pode ter desejos, mas não manda no conselho.” “Disse que não ia [se apresentar com a orquestra na Virada Cultural].
Caiu o mundo pro Serra.
O Serra é um menino mimado, na verdade, um autoritário, um excelente administrador, mas uma pessoa muito complicada de se lidar.
E não esqueceu.
Em três anos, ele não esqueceu, e colocou a culpa toda em mim.” “Aqui ninguém mexe.
Aqui quem manda somos nós (…) Eu não tive nenhum problema em mandar embora sete músicos anos atrás e não terei nenhum problema em mandar embora outros sete (…) Eu sinto muito, mas não há discussão.
Se houver discussão é fora. É rua na hora, na hora!
Não quero nem saber!” “Minha vontade é ir embora agora e dizer “foda-se tudo” (…).
Segurem-se e fodam-se.”