Empresa anuncia que vai recorrer da sentença Do caderno de Cidades O advogado Celso Vilardi, responsável pela defesa da empresa Fresenius, proprietária do Endomed, informou, ontem, por telefone, que recorrerá da sentença do juiz Ivon Vieira Lopes, da 4ª Vara Criminal do Recife.
Lopes condenou, por homicídio culposo, dois farmacêuticos e um representante do laboratório, responsáveis pela produção e comercialização de soro em 1997, época em que pacientes morreram em hospitais particulares de Pernambuco após usar o produto.
Segundo Vilardi, que tem escritório em São Paulo, o processo prescreveu em dezembro de 2006, oito anos após a denúncia do Ministério Público. “Por isso, a sentença, dada agora, é nula.
O Estado perdeu o direito de punir”, explicou.
Além disso, segundo ele, não foi dada a oportunidade de defesa. “Em 2006, o juiz converteu o julgamento em diligências.
O Ministério Público passou um ano com o processo, que só foi devolvido em fevereiro de 2007.
As razões da acusação foram ratificadas, mas suprimiram o meu direito de defesa”, argumenta.
Vilardi vai apresentar o recurso na segunda-feira ao Tribunal de Justiça de Pernambuco.
Ele não soube dizer se os condenados ainda trabalham na empresa.
Um funcionário da Fresenius, em São Paulo, informou que nenhum deles permanece no laboratório.
O JC tentou ouvir os três condenados, mas não conseguiu localizá-los.
ELOGIOS O advogado Márcio Jatobá, que atuou com o pai, Lúcio Jatobá (já falecido), como assistente da acusação no processo criminal, elogiou o trabalho do juiz Ivon Vieira Lopes. “Depois de tanto tempo, ficou reconhecido que o episódio não foi obra do acaso.
Houve falta de observância dos cuidados que devem nortear a conduta na área de saúde”, comentou Jatobá.
Em setembro último, marcando os dez anos da tragédia e cansados de esperar por uma decisão da Justiça, parentes das vítimas fizeram uma missa.
Celebraram a vida dos sobreviventes e manifestaram o medo do esquecimento e da impunidade.