Um ano antes da tragédia da contaminação de mais de 80 pessoas com o soro Ringer com Lactato do Laboratório Endomed, o Ministério da Saúde já tinha conhecimento da péssima situação sanitária da empresa.

O Instituto Nacional de Controle de Qualidade em Saúde (INCQS), órgão do ministério, revelou que em 2006 o laboratório sofreu quatro inspeções e foi notificado.

A linha de produção do Ringer Lactato chegou a ser interditada.

A sentença que condenou três gerentes do Endomed, expedida ontem pela Quarta Vara Criminal do Recife, cita trechos dos relatórios de inspeção que são de arrepiar.

Fala, por exemplo, que foram encontradas moscas no corredor, que havia frestras nas portas e que a matéria-prima estava armazenada de forma inapropriada.

Diz o relatório: “Verifiquei a falta de procedimentos de limpeza antes do acesso à área de produção, uma vez que o almoxarifado de matérias-primas aprovadas é contíguo ao corredor que leva às salas de pesagem e de preparo. (…) detectei poeira nas embalagens de cloreto de sódio.” O relatório acrescenta que se fosse aprofundado o roteiro de inspeção, provavelmente outras não-conformidades apareceriam.

Foi essa empresa que continuava operando no mercado em 1997, fornecendo soro para várias unidades hospitalares.

E não só para seres humanos…

O relatório diz que o Endomed também fornecia material para uso veterinário…

Veja aqui o que publicamos mais cedo sobre o tema.