Quarenta e um anos de magistratura, 19 deles vividos no Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE).

Nada disso impediu que o desembargador Etério Galvão experimentasse na pele o que grande parte dos brasileiros já está acostumada no dia a dia: a lentidão da Justiça. “É inegável que existe uma grande decepção com a instituição (o Poder Judiciário)”, contou a filha de Etério e advogada Virgínia Galvão. “A demora no processo é injustificável”.

A ação que corre contra o desembargado no Superio Tribunal de Justiça data de março de 2003 quando, por medida cautelar, se definiu seu afastamento do TJPE - revogado na última terça pelo STF. “Meu pai era um juiz perfeitamente realizado.

Ocupou todos os cargos no Judiciário, foi presidente do Tribunal de Justiça no biênio 98-99, sempre dedicado à causa pública”, destacou. “Só quem conhece a perversidade da lentidão da justiça é quem passou por isso”, lamentou Virgínia Galvão. “As pessoas simples do povo passam por isso todo dia. É muito triste”.

ACUSAÇÕES A lentidão da Justiça no processo de Etério Galvão agravou a revolta de sua família contra as denúncias, que seus familiares consideram muito frágeis. “As acusações são levianas,infundadas e absurdas”, disse Virgínia. “Tão fantasiosas e rocambolescas que desmentiam a si mesmas.

Essa pessoa (Maria Soraia) jamais contou a história da mesma maneira duas vezes”.

Virgínia lembra inclusive que, na campanha eleitoral de 2004, foram feitas acusações semelhantes contra o atual prefeito de Manaus, Serafim Correia.

A denunciante: Maria Soraia.

Mas não é apenas da lentidão da Justiça que a família de Etério Galvão tem queixas.

Da imprensa também.

Para Virgínia Galvão, alguns veículos deram crédito à versão de Maria Soraia sem abrir o devido espaço para ouvir o desembargador.

Entre outras ações, Etério Galvão move, no momento, processos contra a revista Istoé (e o jornalista Ricardo Miranda) por uma reportagem e a Rede Globo (e o apresentador Domingos Meireles) por uma edição do programa Linha Direta.

Também há um processo de indenização contra Maria Soraia Pereira no Fórum de Brasília.

E um outro deverá ser movido contra ela, por denunciação caluniosa, assim que, como deseja a família, Etério Galvão esteja livre de todas as acusações.

INQUÉRITOS Outro dado curioso no caso envolvendo o desembargador Etério Galvão é que o Ministério Público Federal - responsável pela denúncia que deu origem à ação penal no STJ - abriu dois inquéritos contra delegados da Polícia Federal que teriam manipulado os depoimentos de duas testemunhas no processo: a médica Melânia Amorim e o procurador do Estado de Pernambuco Geraldo Neves.

Para a advogada Virgínia Galvão, essa é mais uma prova de que as acusações contra seu pai não têm fundamento. “O MPF é o acusador (na Justiça) e ainda assim abriu esses inquéritos no final de 2006 e início de 2007”, destacou.

Segundo ela, nunca houve qualquer ligação entre Etério Galvão e Maria Soraia Elias Pereira.