Além do deputado e ex-presidente da Infraero Carlos Wilson (PT), o empresário pernambucano Aristeu Chaves Filho também ficou livre dos indiciamentos propostos pela CPI do Apagão Aéreo.

Como informamos em tempo real ao longo desta quarta (31), o governo conseguiu aprovar na CPI o voto em separado do senador João Pedro (PT-AM), que livrou nove das 23 pessoas para as quais o senador Demóstenes Torres (DEM-GO), relator da CPI, pedia indiciamento.

Ao lado de Carlos Wilson e Aristeu Chaves Filho, também foram liberados no parecer paralelo do senador João Pedro seis ex-funcionários da Infraero: Eurico José Bernardo Loyo, assessor de Carlos Wilson na empresa; Eleuza Terezinha, ex-diretora de engenharia; Fernando Brendaglia, ex-diretor comercial; José Wellington Moura, também ex-diretor comercial; Marco Antônio Marques de Oliveira, ex-superintendente do Centro-Oeste; Márcia Chaves, ex-funcionária da diretoria comercial.

Junto com eles, Paulo Roberto Gomes de Araújo, procurador da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac).

João Pedro propôs o indiciamento de dois outros nomes que não haviam sido incluídos no relatório de Demóstenes Torres: Sílvia Pfeifer, sócia da Aeromídia (empresa que comercializa espaços de publicidade em aeroportos), e José Oliveira Sobrinho, presidente da Assocação Brasileira de Mídia Aeroportuária (ABMA).

Em resumo, o parecer do senador João Pedro manteve 14 nomes que já haviam sido relacionados por Demóstenes Torres, excluiu nove e incluiu outros dois.

Resultado final: 16 pedidos de indiciamento.

SARDINHAS E TUBARÕES A votação do relatório da CPI do Apagão Aéreo nesta quarta foi tumultuada.

Os senadores oposicionistas abandonaram a sessão quando perceberam que o governo tinha maioria para rejeitar o parecer de Demóstenes Torres e aprovar o voto em separado de João Pedro.

O próprio Demóstenes foi o único nome da oposição a permenecer na sala da CPI.

Com isso, os senadores da base aliada aprovaram o parecer de João Pedro por 6 a 1. “Ficaram os pés de chinelo.

Os tubarões foram livrados e as sardinhas, mantidas”, comentou Demóstenes Torres, após a votação. “Discordo da afirmação de que o ex-presidente da Infraero seja o comandante de uma quadrilha.

Não tem nada concluído contra ele.

Mas não deixei de recomendar o aprofundamento das investigações”, rebateu o senador João Pedro (PT-AM).

AUDITORIAS O relatório aprovado recomenda à Anac que faça auditorias no sistema de manutenção das empresas TAM, Gol e Varig e sugere auditorias do Tribunal de Contas da União (TCU ) e Controladoria Geral da União (CGU) para apurar a venda de espaços comerciais e publicitários em aeroportos – um dos alvos da CPI.

O documento diz ainda que não há como concluir as causas do acidente com o vôo 3054 da TAM e que “fatos graves” que ocorreram no episódio não foram discutidos, como a falta de informações para familiares de vítimas de acidentes.

Cita também o acidente da Gol, no ano passado.

Em nota divulgada por sua assessoria, a ex-diretora da Anac, Denise Abreu, que aparece entre os 16 pedidos de indiciamento, levantou suspeitas sobre a lisura do processo. “A absurda manutenção do pedido de indiciamento de Denise Abreu, ao lado da retirada ou \esquecimento\ dos nomes que compuseram a diretoria da Infraero e seus amigos, escancarou um nível de ação e de manipulação política e de recursos públicos que poderíamos julgar quase impossível”, diz o texto.

PS: Leia nos posts anteriores tudo que publicamos nesta quarta sobre o assunto, incluindo entrevista com Carlos Wilson.

Aqui o voto do senador João Pedro - leia a íntegra. (Com informações do G1 e Congresso em Foco)