A frase literal do ex-presidente da Empetur sobre as deficiências do marketing turístico do Estado, ditada palavra a palavra, com cuidado e lentamente, é a seguinte: “Faltam vendedores capacitados para convencer o trade nacional e internacional de que Pernambuco/ Recife é o melhor produto do Nordeste do Brasil”.

Allan Aguiar faz questão de lembrar seu período como secretário de Turismo do Ceará (2003 a 2006) e também sua passagem pela presidência da Fundação CTI Nordeste (fevereiro de 2005 a janeiro de 2007) para destacar que faz a avaliação do produto turístico do Estado e da capital com conhcimento de causa.

A Fundação CTI (Comissão de Turismo Integrado) do Nordeste reúne todos os órgãos oficiais do setor na região.

Dela, Aguiar saiu direto para presidir a Empetur no início deste ano. “Nossos 187 quilômetros de praia, a Mata Norte, a Mata Sul, o Agreste, o Vale do São Francisco e o enoturismo têm um potencial enorme”, afirma. “Pernambuco é vocacionado para o turismo.

Está no seu DNA”.

PARAÍSO SEGURO Na opinião do ex-presidente da Empetur, um dos exemplos que deixariam claro o descompasso entre o produto turístico local e a forma de vendê-lo é a imagem que Pernambuco tem como um Estado violento para o turista.

Segundo ele, dados da Secretaria Nacional de Segurança Pública (Senasp), publicados em anuário de turismo da revista Exame, mostram que, em 2006, foram registradas 1.021 ocorrências policiais com turistas no Ceará, 629 na Bahia e 231 em Pernambuco.

Quer dizer: nosso Estado pode até ser o mais violento do Nordeste, mas não para quem está aqui em viagem. “No bojo do marketing turístico, Pernambuco tem de ser vendido como paraíso seguro”, acredita Allan Aguiar.

Falta, na sua opinião, tanto à secretaria de Turismo do Estado quanto à da Prefeitura, um investimento pesado em campanhas publicitárias.

Para ele, não adianta investir em ações promocionais se não houver propaganda.

E, sem ela, o que acaba prevalecendo é a imagem de uma capital e de um Estado violentos, desanimados e com praias qualhadas de tubarões.

Sobre os tubas, aliás, Aguiar lembra que jamais se posicionou contrariamente ao trabalho do Comitê Estadual de Monitoramento de Ataques de Tubarão (Cemit). “Minha consideração deve estar registrada em ata de reunião do órgão e restringiu-se ao plano de comunicação, no sentido de não prejudicar a imagem já desgastada da nossa capital, como ambiente de praias perigosas, equipadas com tubarões impiedosos que devoram qualquer forasteiro que se molhe na encantadora praia de Boa Viagem”, afirmou.

Ele defende, no entanto, uma participação mais atuante do governo estadual no comitê.

FAMÍLIA Allan Aguiar pode assumir um cargo na Embratur, em Brasília, nos próximos dias.

Também avalia convite de um grupo privado na área de turismo.

Mas uma coisa é certa: sua família vai continuar morando no Recife.

Sua mulher é consultora de empresas e tem quatro contratos de trabalho na capital pernambucana.

Seus três filhos, de 21, 16 e 2 anos de idade, moram com ele e estão bem adaptados. “Estou numa fase de transição.

Mas vou continuar torcendo, trabalhando e escrevendo sobre turismo aqui em Pernambuco”, revela.

Leia mais, nos posts anteriores.