Da editoria de Cidades do JC Revolta.
Nenhuma outra palavra resume melhor o sentimento de José Leite Barbosa, 56, pai do vigilante morto durante tentativa de assalto ao Banco Real.
Inconformado com a morte do único filho homem, José Leite chegou a afirmar, nesta entrevista, que, se não fosse pai de família, faria justiça com as próprias mãos.
JC – Como você ficou sabendo da morte de seu filho?
JOSÉ LEITE – Eu estava em casa, quando minha filha, que já estava no hospital, telefonou dizendo que tinha acontecido um assalto no banco onde meu filho trabalhava.
JC – Então, você tinha esperança de encontrar seu filho vivo aqui?
LEITE – Tinha.
Disseram que havia um vigilante baleado e um morto.
Eu pensei que ele estava apenas ferido, mas quando cheguei soube que o morto era ele.
JC – Qual o seu sentimento diante dessa tragédia?
LEITE – Revolta.
Muita revolta. É assim que o homem vira matador.
Eu sou um pai de família, trabalhador, honesto.
Aí vem um bandido e mata meu filho.
Eu tenho agora duas filhas para criar.
Minha revolta é tão grande que, se não fosse por isso, eu daqui para frente ia matar tudo quanto é bandido.
JC – Você tentou falar com o suspeito no hospital?
LEITE – Tentei, mas a polícia não deixou.
Eu queria dar uma volta com ele e resolvia esse problema.
Ele tirou meu único filho homem.
Bandido como esse não pode ser preso.
Tem que morrer.
Estou revoltado demais.
Ele matou um cidadão.
E não vai ser só meu filho.
Do jeito que está, muita gente ainda vai morrer com essa violência.
Infelizmente.
JC – Seu filho gostava da profissão?
LEITE – Já fazia mais de cinco anos que trabalhava como vigilante, desde que saiu do Exército.
Morreu trabalhando.
Morreu fazendo o que gostava.