O presidente Luiz Inácio Lula da Silva condenou neste sábado (27) as negociações para aprovar a proposta de terceiro mandato para presidente da República.

Para ele, não é o momento de debater o assunto nem há necessidade de colocar o tema em discussão por considerar que existem muitos brasileiros aptos para disputar as eleições.

Mas criticou os que pensam nas eleições presidenciais. “Ficar discutindo 2010 [agora] é um atraso”, afirmou o presidente, após ser homenageado com uma festa de aniversário organizada por militantes do PT do Distrito Federal, em frente ao Palácio da Alvorada.

Segundo Lula, o momento não é adequado para levar a discussão sobre terceiro mandato adiante: “Acho que essa discussão não cabe.

Acho que o Brasil não precisa disso.

A alternância de poder é uma coisa extremamente importante para o fortalecimento da economia”.

A discussão sobre a possibilidade de terceiro mandato foi colocada pelos deputados Carlos Willian (PTC-MG) e Devanir Ribeiro (PT-SP) que colhem assinaturas para apresentar uma PEC (Proposta de Emenda Constitucional) - que exige apoio de 171 deputados -sugerindo a modificação na Constituição.

O presidente afirmou ser contrário à proposta: “Não apóio.

Não acho necessário haver uma proposta como esta.

Acho que nós temos de fazer agora é que todo mundo trabalhe para o Brasil crescer mais”.

Segundo Lula, na democracia a alternância de poder ensina e os eleitores aprovam. “O povo vai votando, vai acertando e vai errando.

Vamos construindo o Brasil”, disse ele.

Em seguida, o presidente afirmou: “Eu continuo dizendo que esse negócio de achar que tem pessoas que são imprescindíveis e insubstituíveis não existe na política”.

GREVE DE SERVIDORES Ao comentar o direito de greve dos servidores públicos, regularizado nesta semana pelo Supremo Tribunal Federal (STF), o presidente voltou a afirmar que cruzar os braços é uma conquista universal para os trabalhadores no mundo inteiro, mas que greves não são férias e, portanto, não seria justo receber o salário pelos dias parados. “Se um cidadão decreta uma greve e fica 90 dias de greve e recebe o salário, significa que não foi greve, foram férias”.

Lula sugeriu que a regulamentação da matéria poderia ser feita junto com os sindicatos dos servidores e enviado de comum acordo para o Congresso Nacional, mas destacou que não há pressa para que isso aconteça. “É que esses acordos são difíceis de ser feitos.

Nós não temos que ter pressa, não é uma coisa que você tem que fazer hoje ou amanhã, é preciso construir”.

CPMF Sobre a votação da Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF), Lula disse que está tranqüilo porque sabe que o Senado tem clareza do que significa essa arrecadação para o Orçamento da União. “Eles sabem disso, sabem o compromisso que nós temos com o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), sabem a quantidade de dinheiro que os governadores vão receber para fazer investimento em obras de saneamento básico.

Acho que vai ter barulho, mas a maioria dos senadores votará favorável porque eu acredito que a maioria é responsável por esse país”.

Lula também falou de economia.

Ele se referiu à visita que fez ontem (26) à Petrobras, onde teria constatado que há poucos fornecedores preparados para o crescimento da economia. “É preciso incentivar esses empresários a investir mais, criar novos postos de trabalho, produzir mais”.

Pouco mais de 100 pessoas, a maioria militante do Partido dos Trabalhadores (PT), prepararam uma pequena festa para o presidente, com direito a balões, bolo, refrigerante e pirulitos.

Lula agradeceu a Deus por estar completando 62 anos com saúde e disse que espera comemorar seus 72 anos. “É apenas uma questão de tempo”, brincou. (Da Folha Online e Agência Brasil)