Por Edílson Silva Brasília, quarta-feira, 24 de outubro de 2007.

Pela manhã, centenas de ônibus vindos de todas as partes do país chegavam para a concentração no Estádio Mané Garrincha.

Enquanto isso, na Catedral de Brasília, outra concentração também ia juntando muita gente.

Tratava-se da Marcha Nacional em defesa dos direitos trabalhistas e sociais e contra a corrupção generalizada que solapa o país.

No final daquela manhã ensolarada a marcha já somava cerca de 15 mil pessoas.

Pernambuco conseguiu levar três ônibus lotados e muita gente foi de avião.

Assim o fizeram militantes sindicais, lideranças comunitárias, da juventude e também de partidos de esquerda, como o PSOL, espalhados por praticamente todos os estados do Brasil.

A Marcha Nacional foi uma resposta da sociedade às tentativas do governo Lula de aprofundar a reforma da previdência, retirando ainda mais direitos dos trabalhadores, como, por exemplo, aumentando a idade mínima para a aposentadoria.

Lula também tenta aprovar medidas para flexibilizar os direitos trabalhistas, como férias e 13º.

Tudo isso dentro de um quadro de corrupção estrutural.

Os milhares que pararam a capital da República disseram um sonoro não a este estado de coisas.

Entre as milhares de bandeiras e faixas que tremulavam na Esplanada dos Ministérios naquela manhã, destaque para a forte presença do PSOL, que estava presente também com seus parlamentares de Brasília e com sua maior liderança, a ex-senadora Heloisa Helena, que marchou ombro a ombro com o povo, dando também seu recado.

Não foi notada a presença de entidades que outrora faziam protestos contra os governos em Brasília.

A CUT e a UNE, por exemplo, hoje acham que a retirada de direitos previdenciários e trabalhistas são um mal necessário ao povo, e acham também que a corrupção é invenção da “mídia golpista”.

No lugar destas entidades, o que se viu foram milhares de bandeiras da CONLUTAS – Coordenação Nacional de Lutas, entidade que surgiu após a vergonhosa traição da CUT, e que organiza sindicatos e movimentos populares em todo o país.

Outra organização que saiu da CUT, a INTERSINDICAL, também se fez presente na atividade.

As traições de Lula, do PT, da CUT e seus pares, não ficarão impunes.

Este é um dos principais recados desta Marcha.

O povo não se entregou e está se reorganizando, através de novas entidades e novos partidos, como o PSOL.

Infelizmente, a “mídia golpista”, que tanto “ataca” o governo Lula, praticamente boicotou a Marcha e não deu o destaque adequado a uma movimentação política que paralisou a Esplanada dos Ministérios e mobilizou gente de todo o país.

Mas isto é do jogo, e a luta popular está apenas recomeçando depois da “Era Lula”.

Sem trocadilho.

PS: Edilson Silva é presidente do PSOL/PE, escreve as sextas para o Blog do Jamildo