Da editoria de Política do Jornal do Commercio Uma homenagem ao deputado estadual André Campos (PT), ontem, na Câmara Municipal do Recife, acabou se transformando em ato de apoio ao irmão dele, o deputado federal Carlos Wilson (PT).
Ex-presidente da Infraero, Wilson teve o seu indiciamento pedido no relatório final da CPI do Apagão Aéreo do Senado, junto com outras 22 pessoas, por suposto envolvimento em um escândalo de desvio de recursos no órgão – seria, segundo o senador-relator, Demóstenes Torres (DEM-GO), o “chefe da quadrilha”. “Foi uma demonstração de amizade.
Não estou precisando da solidariedade de ninguém.
Não fiz nada para precisar de solidariedade”, afirmou Carlos Wilson, ao comentar as demonstrações de apoio que recebeu na Câmara, que ficou lotada.
Do ex-governador e ex-deputado federal Joaquim Francisco (DEM) ao governador em exercício, o presidente da Assembléia, Guilherme Uchoa (PDT), vários políticos fizeram questão de abraçar o deputado.
O ato de apoio começou pelo homenageado, André Campos, que recebeu a Medalha do Mérito José Mariano.
Em seu discurso, o deputado – ex-vereador por três mandatos – afirmou que por diversas vezes sua família passou por dificuldades, mas enfatizou que “a justiça sempre será feita”.
Emocionado, disse que aprendeu com o irmão a “fazer política com paciência, honradez e honestidade”. “E ninguém vai conseguir desonrar pessoas decentes e sérias”, garantiu.
O presidente da Câmara, Josenildo Sinésio (PT), reiterou o apoio. “Nosso Estado não se curva diante de injustiças que são cometidas a um filho seu, seja de qualquer corrente política”.
Em entrevista, Carlos Wilson reafirmou que está “tranqüilo”, mas se queixou que não foi ouvido no Senado, enquanto que na Câmara foi sabatinado por mais de cinco horas.
O petista sustentou, no entanto, que só irá se manifestar terça-feira, após a votação do relatório final da CPI do Apagão Aéreo do Senado, cujo relator é Demóstenes Torres (DEM-GO).
O democrata, que chamou o petista de “chefe da quadrilha”, declarou que por ele já teria sido pedida a prisão dos acusados. “Quem entende de quadrilha é ele”, rebateu Wilson para quem Torres “é um velho conhecido pela prática do espalhafato”.
ARISTEU CHAVES O relatório de Demóstenes Torres também pede o indiciamento do empresário pernambucano Aristeu Chaves Filho, ex-presidente da Valexport, apontado como “lugar-tenente” da quadrilha que, segundo o senador, teria sido montada por Carlos Wilson na Infraero. “Aristeu Chaves Filho, na condição de empresário, intermediou interesses privados junto à Administração da INFRAERO em troca da obtenção de vantagens pessoais.
Apresentou Michel Farah, sócio da empresa FS3 Comunicação e Sistemas Ltda, a Fernando Brendaglia de Almeida, ex-diretor comercial da INFRAERO, para que celebrassem contrato que resultou em prejuízo de grande monta à empresa pública”, diz um trecho do documento.
Irmão do secretário estadual de Turismo José Chaves, o empresário disse ontem ao Blog de Jamildo que só vai se posicionar sobre o conteúdo das denúncias depois da votação do relatório na CPI, marcada para a próxima terça-feira. “Se depois do relatório votado, eu achar que ele me prejudicou, vou estudar que medidas tomar para buscar a reparação”, contou.
De todo modo, ele nega as acusações. “Não existe nada que possa me incriminar”.