Da editoria de Brasil do JC BRASÍLIA – O relatório final da CPI do Apagão Aéreo do Senado pede o indiciamento de 23 ex-diretores e funcionários da Empresa Brasileira de Infra-Estrutura Aeroportuária (Infraero) e da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac).
Entre os acusados de irregularidades está o deputado Carlos Wilson (PT-PE), ex-presidente da estatal.
No texto, lido ontem, o relator Demóstenes Torres (DEM-GO) afirma que duas “organizações criminosas” estavam instaladas na Infraero para desviar recursos e que Carlos Wilson era o “chefe da quadrilha de Pernambuco”, responsável por irregularidades nas áreas comercial e de engenharia.
A estimativa do rombo nos cofres da empresa é de R$ 500 milhões.
A votação do relatório, porém, ficou para terça-feira, pois o senador João Pedro (PT-AM) pediu vista.
O PT articula modificações no texto.
Apesar disso, Torres enviará seu texto original ao Ministério Público. “Se fosse por mim já estava pedindo a prisão.
Fiz um trabalho técnico e não quero entrar no jogo político.
Tenho a consciência limpa.” O relator também acusou o ex-assessor da Infraero Eurico Loyo de ser o “carregador de mala” de Carlos Wilson no esquema de desvios.
Na quebra de seus sigilos, teriam sido encontradas ligações financeiras com as empresas FM Engenharia Ltda e Empreendimentos Queiroz de Oliveira.
Além disso, há ligações telefônicas para 14 empreiteiras.
O relator também afirmou haver ligação entre Loyo e o Banco Rural, envolvido no escândalo do mensalão.
A suposta quadrilha pernambucana teria 11 integrantes, a maioria servidores da empresa.
A segunda quadrilha identificada pela CPI era baseada em Curitiba e atuava nos setores de publicidade e obras da Infraero.
Quatro integrantes foram identificados.
No total, o relatório pede o indiciamento de 21 pessoas por crimes de improbidade, contra o processo de licitação e de corrupção na Infraero.
Também pede investigação e rastreamento de recursos repassados a várias grandes empreiteiras.
Outros dois indiciamentos, por improbidade e fraude processual, são pedidos com relação à Anac: Denise Abreu (ex-diretora) e Roberto Araújo (procurador).
Carlos Wilson qualificou de irresponsável o relatório de Torres. “Não tenho nenhuma dúvida de que o tempo e as provas revelarão quem é o verdadeiro chefe de quadrilha e o que está por trás da CPI, comandada por Torres, um velho conhecido pela prática do espalhafato”, afirmou o deputado, em nota. “Muitas acusações são relacionadas a obras licitadas no governo passado.
Há coisas compradas para o Aeroporto do Recife em 1953 que eles colocam como novas.” Em nota, os advogados de Denise Abreu qualificaram de injusto o pedido de indiciamento.