BRASÍLIA – O senador Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE) voltou à tribuna para reafirmar seu voto contra a prorrogação da CPMF e duvidou da disposição do Governo Lula de negociar mudanças na proposta encaminhada ao Congresso – já aprovada pela Câmara dos Deputados. “O Governo cria a ilusão do diálogo, quando na verdade quer é aprovar o projeto do jeito que foi redigido pela equipe econômica.
Fez isso transformando o processo num absurdo balcão, liberando recursos públicos para parlamentares que votassem pela CMPF.
Fez isso atacando a oposição”, afirmou Jarbas. “Pode ser que a bancada governista aceite tudo que vem do Palácio do Planalto sem questionar.
Mas o Governo não deve ter essa expectativa com relação à oposição.
Se fosse para dizer \sim, senhor\ ao presidente Lula, estaríamos todos apoiando a sua gestão.
Atacar, fazer piadas, chantagear, ameaçar.
Não é dessa forma que se negocia, que se abre o caminho para uma composição”, discursou Jarbas.
O peemedebista disse, ainda, que, nas últimas semanas, o próprio presidente Lula questionou a seriedade do Senado Federal e fez comentários depreciativos com relação ao partido Democratas (que se posicionou contra a prorrogação da CPMF). “O presidente da República sabe da atual fragilidade política do Senado, desgastado por uma longa crise interna que, infelizmente, ainda não acabou por completo.
Talvez por isso alguns senadores governistas tentam vender a imagem de que quem quer o fim da CPMF é contra o Bolsa Família, contra a Saúde, a favor da sonegação”.
Para Jarbas Vasconcelos, trata-se de uma “manipulação dos fatos, pueril e mesquinha, mas segue a estratégia adotada pelo presidente da República nos palanques, sejam eles nacionais e até mesmo estrangeiros”.
O senador pernambucano listou cinco justificativas para votar contra a manutenção da CPMF.
A primeira delas é a arrecadação crescente do Governo Federal. “O Governo Federal dispõe de recursos para compensar a perda da CPMF.
Só este ano, a arrecadação federal cresceu quase 10%.
Isso representa cerca de R$ 40 bilhões a mais nos cofres da União, valor equivalente ao previsto para o \imposto do cheque\ em 2008”.
Jarbas também criticou o desvio de recursos da CPMF para outras áreas, que não o financiamento complementar da Saúde Pública. “O Governo precisa ampliar o volume de recursos para a Saúde.
Um problema permanente não pode ficar ao sabor de uma contribuição provisória, precária por natureza.
Ou então o Governo assuma a CPMF como permanente”.
Na avaliação do senador, não existe nenhuma garantia de que daqui a quatro anos não ocorra uma nova prorrogação. “O Presidente Lula vai empurrar o problema para o próximo governante.
O correto seria aproveitar as atuaiscondições favoráveis nacionais e internacionais e acabar com a CPMF agora”.