A equipe do blog PEbodycount colocou no site de vídeos Youtube um pequeno documentário filmado pela produtora Ateliê sobre o projeto Marcas da Violência.
Acima, você tem a primeira parte do vídeo.
O Marcas da Violência também é um projeto da equipe de jornalistas que fazem o PEbodycount e são repórteres do Jornal do Commercio.
A idéia, no caso, é pintar de vermelho os locais onde aconteceram assasinatos no Recife.
Uma forma de levar para as ruas, para o asfalto, o contador de homicídios mantido no Blog.
Abaixo, texto do repórter João Valadares sobre o projeto, publicado nesta quarta (24) pelo PEbodycount.
MAIS UMA HISTÓRIA DO MARCAS DA VIOLÊNCIA Iniciamos o projeto Marcas da Violência no dia primeiro de outubro.
Temos recebido inúmeras mensagens de apoio.
Pessoas querendo participar da ação não faltam.
Estamos tentando organizar um mecanismo que possibilite a continuidade do projeto. É difícil, mas estamos tentando.
Hoje, no Alto do Maracanã, Zona Norte do Recife, onde Zaqueu, um serralheiro de 60 anos, viu o filho de 30 ser assassinado na rua onde cresceu, tive a certeza de que estamos no caminho certo.
Pela primeira vez, desde o início desta nova caminhada, um morador pegou o pincel das nossas mãos e resolveu pintar de vermelho o chão para marcar a morte do amigo.
O pai preferiu ficar em casa, protestando ao seu modo. “Continuem.
Podem pintar”, disse para mim.
Não foi uma pintura apenas.
Na verdade, nenhuma marca é apenas mais uma.
Há sempre uma história, uma frase, um olhar diferente.
Hoje, havia um peso no gesto do nosso anônimo que nos tomou o pincel e despertou a palavra mágica: mobilização.
Depois de algumas pinceladas, o choro chegou.
E ele continuou pintando.
Pintando a cobrança e a reflexão.
Outros moradores chegaram e contemplaram o gesto.
No fim, nos informou que já havia três marcas na região onde mora, no bairro de Dois Unidos. “Desde que as marcas começaram a aparecer por aqui, as pessoas estão se perguntando o que é isso?
Eu mesmo achei que era uma marca colocada pela polícia técnica ou pelo governo.
Agora, entendi tudo e vou explicar para todo mundo. É isso mesmo”, disse. É isso mesmo.
Mobilizar para construir.