Pneumotórax Por José Otávio de Meira Lins Presidente da ABIH-PE.
Febre, hemoptise, dispnéia e suores noturnos.
A vida inteira que podia ter sido e que não foi.
Tosse, tosse, tosse.
Mandou chamar o médico: - Diga trinta e três. - Trinta e três… trinta e três… trinta e três… - Respire. - O senhor tem uma escavação no pulmão esquerdo e o pulmão direito infiltrado. - Então, doutor, não é possível tentar o pneumotórax? - Não.
A única coisa a fazer é tocar um tango argentino. (Poeta pernambucano Manoel Bandeira).
Há algum tempo atrás, em uma reunião na Diretoria da Empetur, ouvi de um diretor-comercial da casa - aquele que antecedeu ao atual - que não havia nada que fazer pelo turismo do Recife e como tal para todos os 84 meios de hospedagem - 11.000 apartamentos - 28.000 leitos - fincados na nossa capital (olha que não saquei os empregos diretos e indiretos e outras coisas mais).
Hoje, sou novamente surpreendido por uma saraivada de frases escritas (não faladas), do atual (não o anterior) diretor-comercial da Empetur que me lembraram aquela nefasta reunião: “Nosso portão de entrada, a bela capital, não consegue se firmar no Brasil e no mundo como um destino competitivo”. “Em qualquer ranking, seja de demanda, seja de oferta, Recife mantém-se em precária quarta posição dentre as capitais nordestinas, podendo perder essa posição para Maceió no médio prazo”. “Re-hierarquizar as prioridades na alocação de cada centavo junto ao setor.
Frente a todas as demais capitais do nordeste, a Prefeitura de Recife vem dando seguidos exemplos que o segmento é, de fato, uma prioridade comprovada pelos vultosos orçamentos anunciados”. “Resta entender porque os sinais vitais do paciente não respondem aos medicamentos ministrados”. “Por que o fluxo de brasileiros e estrangeiros é inelástico ao esforço de promoção que nossa capital implementa em múltiplos mercados emissores, no âmbito da campanha “Recife é Aqui”? " “Somas expressivas vêm sendo aplicadas sem que os números respondam positivamente”.
A disposição da nova diretoria comercial - as frases acima dizem tudo - me parece muito com a da anterior diretoria.
Chamo atenção para o fato de que a hotelaria do Recife - que passou tantos anos tendo que suportar não só a empáfia daquele diretor comercial (o anterior) como a total falta de apoio - não concorda que o esforço feito pela Secretaria de Turismo Municipal e a Prefeitura do Recife, com projetos como o “Recife é Aqui” (administrado conjuntamente com a ABIH e o Recife Convention) sejam ““Somas expressivas (que) vêm sendo aplicadas sem que os números respondam positivamente”.
Reposicionamento de produto turístico - com um enfoque que não se contenta em usar sol/mar como único produto turístico - não é coisa que se faz da noite para dia. É coisa que se faz com foco mercadológico (não com blá-blá-blá político); se faz com orçamento de R$ 100 milhões; se faz com um “Projeto Turístico do Recife” formatado em conjunto com o trade.
Agora, tem algumas frases de Alan Aguiar que faço como minhas: “Enquanto a agenda mercadológica não se impor frente a agenda política, não avançaremos”. “Enquanto gestores públicos priorizarem ações inócuas que objetivem tão somente notabilizá-los e visibilizá-los junto a formadores de opinião internos, continuaremos a contar desempenhos pífios”. “O reconhecimento e o aplauso devem condicionar-se ao balanço da gestão que revele o comportamento dos agregados turísticos, jamais a barulhos de ocasião de programas sem sentido”. “Propor mudanças no modelo mental não é tarefa fácil”. “Significa desintoxicar um organismo que ao longo de décadas adquiriu alguns vícios que o afastaram de uma vida saudável”. “Como tudo na vida, a mudança proposta é uma questão de escolha dos tomadores de decisão”. “É chegado o momento de substituir o amadorismo e a politicagem pela sincera responsabilidade social”. “Incorporar na gestão pública do turismo as melhores práticas que consagraram destinos nacionais e internacionais que colocaram o tema no centro do debate sobre o modelo de desenvolvimento econômico.
Proponho a eliminação do Gap entre o aparente e o oculto”.
Precisamos mesmo é ver resultados - não este blá-blá-blá em que parece estar enredado nosso diretor-comercial - sob pena de no final a única coisa a fazer seja tocar um tango argentino.