O destino turístico Pernambuco possui um problema complexo: nosso portão de entrada, a bela capital, não consegue se firmar no Brasil e no mundo como um destino competitivo.

Analisando os números, critério que afasta diagnósticos superficiais e isola comentários emocionais, temos que a demanda turística frente a outras capitais, é modesta há anos, levando a oferta hoteleira a ajustar-se a essa demanda, o que significa o desaparecimento de meios de hospedagem e a destruição das margens financeiras dos hotéis que resistem.

Isto resulta na precarização da qualidade dos alojamentos e serviços no setor, agravado pela gritante desvantagem entre a taxa interna de retorno do investimento hoteleiro em relação ao investimento imobiliário.

Ao longo de anos, o processo de desaparecimento de hotéis vem levando o trade a amargar uma prolongada crise, sem expectativas de reversão no custo ou médio prazo.

Sem clientes, as lojas entram em recessão.

Em qualquer ranking, seja de demanda, seja de oferta, Recife mantém-se em precária quarta posição dentre as capitais nordestinas, podendo perder essa posição para Maceió no médio prazo.

Como reverter tendências declinantes da atividade turística em determinados destinos que outrora apresentavam robustos agregados turísticos?

Com vontade política, sinceridade de propósitos, profissionalização e com uma completa revisão da agenda de prioridades.

Re-hierarquizar as prioridades na alocação de cada centavo junto ao setor.

Frente a todas as demais capitais do nordeste, a Prefeitura de Recife vem dando seguidos exemplos que o segmento é, de fato, uma prioridade comprovada pelos vultosos orçamentos anunciados.

Resta entender porque os sinais vitais do paciente não respondem aos medicamentos ministrados.

Por que o fluxo de brasileiros e estrangeiros é inelástico ao esforço de promoção que nossa capital implementa em múltiplos mercados emissores, no âmbito da campanha “Recife é Aqui”?

Somas expressivas vêm sendo aplicadas sem que os números respondam positivamente.

Dentre as variadas motivações de viagens, nota-se que a procura por Recife concentra-se nos fluxos de visita a parentes e amigos, saúde e eventos e negócios, completamente insuficientes para movimentar e rentabilizar a cadeia produtiva, muito menos para gerar os postos de trabalhos capazes de atenuar o fosso social existente.

A enorme massa de turistas que desloca-se em busca de sol e praia (lazer/entretenimento) , dirige-se a outros destinos, dentre outros motivos, pela imagem equivocada e fartamente alimentada apontando a insegurança, desanimação e praias repletas de tubarão.

Enquanto o marketing turístico não reinaugurar a percepção que o cliente (turista) possui do produto (Recife), assim como não for implementada a modernização e a qualificação da rede hoteleira o destino não contabilizará avanços significativos.

Enquanto a agenda mercadológica não se impor frente a agenda política, não avançaremos.

Enquanto gestores públicos priorizarem ações inócuas que objetivem tão somente notabilizá-los e visibilizá-los junto a formadores de opinião internos, continuaremos a contar desempenhos pífios.

O reconhecimento e o aplauso devem condicionar-se ao balanço da gestão que revele o comportamento dos agregados turísticos, jamais a barulhos de ocasião de programas sem sentido.

Propor mudanças no modelo mental não é tarefa fácil.

Significa desintoxicar um organismo que ao longo de décadas adquiriu alguns vícios que o afastaram de uma vida saudável.

Como tudo na vida, a mudança proposta é uma questão de escolha dos tomadores de decisão.

Entender que o jogo se ganha no tabuleiro do mercado e não em pirotecnias para ganhar a simpatia dos inocentes.

Perceber que aos olhos do setor privado o turismo é negócio de compra, venda e satisfação dos clientes e aos olhos do setor público é um atalho para as metas de inclusão social e dos indicadores de qualidade de vida, nomeadamente o IDH.

O Estado de Pernambuco não conseguirá desenvolver-se apenas com funding público.

Necessitará do privado, sendo os negócios turísticos o acelerador natural do desenvolvimento esperado. É chegado o momento de substituir o amadorismo e a politicagem pela sincera responsabilidade social.

Incorporar na gestão pública do turismo as melhores práticas que consagraram destinos nacionais e internacionais que colocaram o tema no centro do debate sobre o modelo de desenvolvimento econômico.

Proponho a eliminação do Gap entre o aparente e o oculto.

Em homenagem aos mais necessitados nordestinos que vivem em Pernambuco. À consideração de todos, Allan Pires Aguiar Diretor Comercial da EMPETUR Ex-Presidente da fundação CTI - Nordeste