Publicado pelo JC em 26.08.2006 (O Blog do JC na época ignorou o assunto) Prefeitura comprou veículos da empresa acusada de participar de esquema de superfaturamento no Ministério da Ciência e Tecnologia JAMILDO MELO A Prefeitura de Paulista comprou, por R$ 880 mil, com recursos do Ministério da Ciência e Tecnologia, dois ônibus para inclusão digital da empresa KM Empreendimentos LTDA, acusada na CPI das Sanguessugas e pelo deputado federal Fernando Gabeira (PV/RJ) de participar de um esquema de vendas superfaturadas na pasta.

A compra com dispensa de licitação foi ratificada pelo próprio prefeito Yves Ribeiro de Albuquerque, no dia 21 de novembro de 2005.

Instalado hoje no PPS, partido que integra a Aliança por Pernambuco, Yves Ribeiro é aliado político do candidato socialista ao governo do Estado, Eduardo Campos (PSB), ex-ministro da mesma pasta.

De acordo com o processo de licitação nº 236/2005, o preço unitário dos ônibus somou R$ 440 mil.

Os veículos são equipados, cada um, com 12 computadores, além de aparelho de televisão e DVD, para auxílio didático.

No convênio com o MCT, a prefeitura se compromete ainda a investir R$ 120 mil no custeio do projeto, que conta com um servidor, cada um. “Trata-se de um escândalo.

Esse valor é imoral”, declara um membro da CPI das Sanguessugas, sob reserva.

O prefeito Yves Ribeiro não foi localizado ontem e anteontem para explicar detalhes da licitação.

Nem a sua mulher, a deputada estadual Ceça Ribeiro (PSB), conseguiu ajudar a localizá-lo.

O advogado da KM, Eduardo Trindade, também não soube precisar detalhes da licitação.

Em divulgação oficial, Yves Ribeiro diz que os projetos são voltados para a população carente da cidade, para a capacitação de alunos da rede municipal, jovens e adultos em situação de risco social, além de empregados, visando sua reinserção no mercado de trabalho.

Em fevereiro, o MCT chegou a dar publicidade ao convênio.

No entanto, a nota informa um valor menor para a compra (R$ 800 mil) e não cita o nome da KM como produtora dos laboratórios.

Nesta época, a empresa já havia negociado outros ônibus para municípios como Cabo de Santo Agostinho e Exu, com recursos do MCT.

No caso do Cabo, onde foram vendidos três ônibus digitais, ao custo de R$ 750 mil, as licitações foram feitas em julho e outubro e os ônibus foram entregues em dezembro, com pagamento antecipado.

Cada encomenda teve preço unitário de R$ 250 mil.

Em Paulista, apesar de comprados no final de novembro de 2005, os equipamentos só foram entregues três meses depois, no começo de fevereiro, em cerimônia prestigiada pelo ministro da Ciência e Tecnologia, Sérgio Resende, indicado por Eduardo Campos.

A exemplo do Cabo, o município de Paulista argumentou notória especialização para dispensar a licitação, segundo o processo de inexibilidade nº 004/2005.

O mesmo procedimento foi questionado pela Controladoria-Geral da União (CGU) em um contrato celebrado entre a KM e a Prefeitura de Caaporã (PB), em 2003.

Em janeiro último, o ministro Sérgio Resende chegou a anunciar que gastará R$ 2 milhões em projeto de inclusão digital no município, com um museu virtual no Forte de Pau Amarelo e quatro centros comunitários de informática em quatro localidades.