Veja a \sorte\ da prefeitura de Camaragibe.

Jamildo Melo Em maio (de 2006), no mesmo mês em que eclodiram nacionalmente as denúncias de compra de ambulâncias superfaturadas que redundaram na CPI das Sanguessugas, a prefeitura municipal de Camaragibe desistiu de um projeto de inclusão digital no valor de R$ 1,5 milhão apresentado em janeiro à Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), órgão ligado ao Ministério de Ciência e Tecnologia (MCT).

Do total dos recursos do projeto, cerca de R$ 1,2 milhão eram destinados a compra de quatro ônibus para inclusão digital, ao custo de R$ 301 mil cada um.

Com a contrapartida de R$ 191,7 mil do município, o valor global do projeto chegava aos R$ 1,691 milhão, de acordo com a própria Finep.

Em Camaragibe, o coordenador oficial do projeto na prefeitura municipal, o secretário de Desenvolvimento Econômico e Social, Carlos José de Freitas Pereira, disse que o projeto não chegou a sair do papel por falta de recursos.

No Rio de Janeiro, a própria Finep desmentiu o secretário municipal, informando que a prefeitura pediu para arquivar o projeto, no começo de maio. “O projeto não chegou a ser apreciado porque o próprio conveniente (a prefeitura de Camaragibe) pediu o arquivamento do.

Não tem nada a ver com falta de dinheiro”, informou a assessoria da Finep.

Segundo os registros oficiais do órgão, o arquivamento ocorreu no dia 02 de maio, com base no ofício nº 095/2006, da Prefeitura de Camaragibe, datado de 07 de abril e protocolado no dia 10 de abril deste ano.

O documento é assinado pelo proprio secretário Carlos Pereira, com a observação de que a prefeitura iria mandar outro projeto.

Além da compra dos quatro ônibus digitais, de acordo com os registros da Finep, o projeto previa a implantação de um centro comunitário de inclusão digital fixo, com biblioteca virtual, oficina de audiovisual e montagem de equipamentos, no valor total de R$ 294,7 mil.

Maiores detalhes da operação também são desconhecidos.

Desde o mês passado, a reportagem do JC solicitou a apresentação da documentação oficial do procedimento administrativo, mas a prefeitura de Camaragibe não enviou nenhuma documentação até o fechamento desta edição.

Segundo funcionários da Finep, no Rio de Janeiro, o projeto milionário de inclusão digital teve como base uma emenda parlamentar do deputado federal Gonzaga Patriota, do PSB. “Não sei se é ele”, esquivou-se o secretário Carlos Pereira.

Politicamente, a prefeitura de Camaragibe é administrada pelo prefeito João Ribeiro Lemos, do PC do B, mesmo partido responsável pela indicação do secretário executivo do Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT).

Na coligação de partidos que o elegeu, em 2004, consta até o PV do deputado Gabeira, que vem fazendo denúncias de aparelhamento do MCT e da Finep pelo PSB de Eduardo Campos.

Numa 1ª versão, Camaragibe diz que faltou dinheiro para o projeto.

Veja aqui.