Diretores do Instituto de Desenvolvimento Econômico e Social de Pernambuco (Idesp), microempresa de consultoria em programas de qualificação profissional, prestaram queixa nessa quarta (17), na Delegacia de Repressão ao Estelionato, em meio a uma suspeita que pode acabar batendo à porta do secretário do PPS no Recife, Sílvio Barbosa de Miranda.
Marcos Belo, presidente do Idesp, e Luciano Pontes, diretor de Projetos, solicitaram à delegacia a realização de um exame grafotécnico na assinatura de Adil Correia do Nascimento, mãe de Sílvio Miranda.
Ela figura como tesoureira no estatuto do Instituto Geraldo Nóbrega (ITGN), que também trabalha com o acompanhamento de programas destinados à qualificação profissional.
Os diretores do Idesp querem que a assinatura de Adil Nascimento seja comparada com as de outras duas pessoas: Manoel Deodato da Silva e Carlos Almeida de Souza.
Silva e Souza questionaram a idoneiade e a qualificação do Idesp em várias denúncias encaminhadas ao Governo do Estado, ao Ministério Público, à Câmara de Vereadores do Cabo e à Comissão de Emprego e Renda estadual.
A semelhança que os diretores do Idesp identificam entre as letras de Silva, Souza e Adil Nascimento, os levou a suspeitar de que as três assinaturas foram feitas por uma única pessoa: o próprio Silvio Miranda.
LICITAÇÃO O detalhe é que, segundo os diretores do Idesp, as denúncias feitas por Manoel Deodato da Silva e Carlos Almeida de Souza contra a entidade começaram a surgir na segunda quinzena de agosto.
Justamente depois que o Idesp ganhou uma licitação para supervisionar e avaliar o Programa Juventude da Mata - a versão do governo Eduardo Campos para o programa Chapéu de Palha, voltada aos filhos dos trabalhadores rurais.
No programa, cerca de 2,3 mil jovens, de 18 a 24 anos, moradores de 46 municípios, receberam qualificação profissional na área de gestão de meio ambiente em um curso de 40 dias.
Ao Idesp coube acompanhar a realização dos módulos e emitir relatórios semanais de avaliação, além de uma análise geral, que ainda não foi concluída.
Os diretores Marcos Belo e Luciano Pontes já trabalharam com o secretário do PPS do Recife, no ano passado, durante a campanha eleitoral.
Pontes também foi funcionário do Instituto Irene Neres Barbosa (IINB), uma outra ONG concorrente do Idesp, da qual Silvio Miranda é sócio fundador.
No IINB, localizado na Avenida Guararapes, centro do Recife, o PPS realizou, em maio deste ano, um encontro estadual, conduzido pelo próprio presidente do partido no Estado: o deputado federal Raul Jungmann. “Tudo que queremos é trabalhar”, diz Marcos Belo, do Idesp.
POLÍTICA O secretário do PPS no Recife disse estar surpreso com a denúncia feita contra ele pelos diretores do Idesp. “Não conheço a instituição deles.
Não sei direito o que ela faz”, afirmou. “Luciano Pontes trabalhou no IINB e Marcos Belo também aparecia muito por lá no ano passado.
Ele me pedia muita informação sobre como a nossa entidade trabalha”, contou Sílvio Miranda.
Para ele, o episódio tem motivação política e estaria ligado à montagem de chapas para vereador nas eleições do ano que vem. “Eles foram filiados ao PPS e hoje estão ligados ao PR”, disse. “Isso é uma molecagem grande e vamos entrar com as medidas judiciais cabíveis, com um processo de danos em cima dessas pessoas”, advertiu.