Por Isaltino Nascimento O debate sobre a prorrogação ou não da Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF) tem gerado discussões acaloradas.

O que vemos agora, neste outubro de 2007, quando o projeto que prorroga o imposto até 2011 já foi aprovado na Câmara Federal e segue para avaliação do Senado, são posicionamentos que parecem ter se invertido.

Os oposicionistas do DEM (ex-PFL) e do PSDB – que apoiaram a criação da CPMF ainda no governo Itamar Franco e sua continuidade nos dois mandatos do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso – agora bradam contra a manutenção do imposto.

Nós do PT, que criticamos na mesma época a criação da CPMF, viemos, na voz do próprio presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, dizer de público que mudamos de opinião.

E listamos motivos de estarmos defendendo a prorrogação do imposto.

Não tivemos vergonha disso.

E digo porque.

A CPMF é um imposto que apenas 14% dos 186 milhões de brasileiros pagam.

Mais de 150 milhões de pessoas, ou seja, 80% desta mesma população, recebem os benefícios de sua aplicação.

E sabe como?

Dos 0,38 % da alíquota da CPMF, 0,20 % são destinados a ações de saúde pública, 0,10 % para a Previdência Social e 0,08 % para o Fundo de Erradicação da Pobreza.

Isso quer dizer que o dinheiro arrecadado é destinado ao Sistema Único de Saúde, à Previdência Social e a programas como o Bolsa-Família, que tem sido elogiado e apoiado nos principais fóruns de combate à pobreza em todo o mundo.

Vou listar mais alguns argumentos.

A CPMF é uma contribuição insonegável — só ela, no nosso arcabouço tributário, tem essa característica fundamental.

Ou seja, ninguém fica livre de sua cobrança.

Vale lembrar que os que a pagam são os que utilizam o sistema financeiro, a maioria com renda tributável.

Além disso, a CPMF é o imposto mais eficiente e mais produtivo.

A produtividade de um imposto se dá pela melhor arrecadação e pela menor alíquota, e nenhum outro tributo ou contribuição tem a capacidade de arrecadar com menor alíquota como a CPMF.

Outro dado não pode ser desconsiderado. É plausível dizermos que nenhum Governo pode abrir mão, de um ano para o outro, de R$ 40 bilhões para manter a sustentabilidade das contas públicas e da economia do País.

Aqueles que hoje estão na oposição, contudo, como bem enfatizou recentemente o deputado federal Antônio Palocci, não apresentaram até agora nenhum argumento que descaracterizasse a CPMF pelas suas principais peculiaridades e pela necessidade de sua manutenção.

Pelo contrário, com seus discursos agressivos e “moralistas”, os oposicionistas mascaram a injustiça fiscal que ainda existe neste País, com os mais ricos encontrando formas jurídicas de sonegação e os menos abastados – a classe média e os trabalhadores – sendo penalizados com a ainda pesada carga tributária.

Ou seja, jogam para debaixo do tapete o debate sobre um problema crônico, que todos nós que temos que trabalhar para combater.

Não dizem que devemos é tratar de discutir a reforma tributária, que será a grande oportunidade de dar passos seguros no sentido de simplificar o nosso sistema e reduzir o peso dos tributos.

Os mesmos críticos escondem que com os dados da cobrança da CPMF ficou mais fácil para a Polícia Federal (PF) encontrar indícios de fraudes.

Escondem que 54% das operações feitas ultimamente pela PF foram possíveis por causa do rastreamento de movimentações de grandes somas no sistema financeiro.

Mudar de opinião não é problema.

Mas mudar apenas para se contrapor a uma política bem sucedida é lamentável.

Nós mudamos.

Mas em nome do que está podendo ser feito com estes recursos.

E nos justificamos em alto e bom som.

Com o dinheiro arrecado com a CPMF, o governo Lula tem conseguido mais justiça social, mantido o equilíbrio das contas públicas e a evolução positiva da nossa economia e, principalmente, minimizado os desvios financeiros.

E isso é fundamental para a geração de empregos e o desenvolvimento.

Não podemos ficar contra.

PS: Isaltino Nascimento (www.isaltinopt.com.br) é deputado estadual pelo PT e líder do governo na Assembléia Legislativa.