O roteirista de Tropa de Elite, Rodrigo Pimentel, na entrevista que concedeu ontem, aqui no Recife, reconheceu que, apesar de bastante amplo em sua análise dos problemas sociais do Brasil, o filme ainda deixa lacunas. “Não deu para atingir todo mundo.
A polícia civil, por exemplo, ficou de fora”, afirmou, depois de questionado pelo Blog de Jamildo se a Justiça não era poupada, em um país de tanta impunidade. “A gente excluiu a Justiça do debate sim, mas porque, no Rio de Janeiro, a Justiça tem a mão pesada”, justificou.
Não quer dizer que o roteirista não tenha uma visão crítica da Justiça no Brasil.
Ele diz que ela só pune os pobres e cita o exemplo do ator Marcelo Antoni, preso com maconha no Sul do país, logo depois solto, como paradigma. “O menor romerito que aparece no filme foi inspirado em um garoto que trabalhava na empresa de minha mulher como boy e foi preso com algumas gramas de maconha.
Ficou um ano preso.
Neste caso, a Justiça não é omissa nem é leve.
Ela pune os pobres.
Embora eu também ache que o Antoni não devia ficar preso, porque não representa perigo para a sociedade”, comparou. “Precisamos de uma Justiça mais célere, mais rápida, mas não dá para ter isto se hoje os defensores públicos conhecem o réu no dia do julgamento no Rio de Janeiro”, pontuou, mais uma vez.