O roteirista do filme Tropa de Elite, Rodrigo Pimentel, revelou, em entrevista nesta tarde, no Recife, antes de participar de uma palestra na Maurício de Nassau, que decidiu abandonar o Bope (Batalhão de Operações Especiais) no dia em que a mulher formou-se em turismo pela Fundação Getúlio Vargas. “Havia uns 20 casais e todos fumavam maconha.
Isto na nata do Brasil.
Nesta hora, tive a certeza de que havia perdido a guerra para a maconha.
Me senti um babaca.
O que eu estava fazendo?
Subindo o morro todos os dias para trocar tiros com bandidos.
Estava enxugando gelo.
Foi o meu marco reflexivo.
Depois disto, abandonei o Bope, onde eu passei seis anos e meio, quase sete”, declarou.
Na faculdade em questão, frisou o roteirista, uma mensalidade para o curso de turismo custa R$ 2 mil por mês.
A cena é retratada no filme, só que são alunos do curso de direito os consumidores de pó e maconha.
Crítico do trabalho da PM hoje, o roteirista diz que o fracasso no enfrentamento das drogas pode ser medido pelo lado econômico. “Quando eu sai da PM, o papelote custava R$ 10,00.
Sete anos depois, custa os mesmos R$ 10,00.
A PM não conseguiu inflacionar o preço porque não reduziu a oferta”, compara.
Ele também contou que, antes do filme, ele era vaiado quando prendia viciados na praia de Copacabana. “Depois do filme, as pessoas estão aplaudindo o Bope.
Tenho colegas que dizem que até nas padarias os donos não querem que eles paguem mais o pão. É a exorcização do Bope”, diz. “As pessoas estão conhecendo agora o lado humano dos policiais. É o filme da geração basta, pois chegou no momento certo, meses depois da morte do garoto João Hélio e bem no meio desta crise de corrupção no Senado com Renan Calheiros”.
No caso, Pimentel atuou no Bope de 94 a 2000.
Entrou com 22 anos de idade, foi tenente e depois capitão da equipe especial. “Só no Brasil um garoto de 22 anos sob o morro comandando um batalhão”, diz.