Com muita diplomacia, o ex-capitão do Bope Rodrigo Pimentel, roteirista do filme Tropa de Elite, criticou a exclusão da película dos indicados ao Oscar pelo governo brasileiro. “O próprio Rubens Ewald Filho (da comissão julgadora nacional que seleciona os indicados ao Oscar) disse que não escolheu-se o melhor filme (Tropa de Elite, de Carlos Padilha), mas o que tem melhor chance de ganhar (O Ano em que Meus Pais Saíram de Férias, de Cao Hamburguer).
Ou seja, a comissão julgadora não aceitou ousar.
Pimentel criticou a indústria cinematográfica. “O problema do cinema no Brasil é que o filme já chega pago no cinema, em função dos incentivos.
Se vai dar bilheteria não é problema, porque já ocorreu o incentivo.
Dai o padrão de qualidade.
Não há estímulo competitivo.
Onde entra o apoio oficial cai a qualidade.
Nós fomos condenados porque tínhamos muita qualidade e elevamos o padrão do filme nacional.
Fomos acusados até de sermos um filme de hollywood, vejam só!”, gracejou.
Na entrevista que concedeu à tarde, Pimentel reclamou, mas não muito, da ação dos piratas. “Com a pirataria, perdemos a parcela de expectadores da classe C e D.
A nossa projeção era atingir 5 milhões de pessoas, empatando com Dois Filhos de Francisco, mas vai dar menos.
Em compensação, o debate nacional sobre segurança pública que o filme levantou foi maravilhoso”, diz.
De brincadeira, elogiou o corregedor da PM do Rio de Janeiro, que na semana passada convocou os produtores a se explicarem sobre uso de materiais da PM na produção. “Foi uma represália absurda e lamentável, mas até o governador Sérgio Cabral disse publicamente que a gente não devia ir lá.
Não denegrimos a imagem da PM.
No filme, o PM é vítima da estrutura e não o ator da corrupção”, afirmou, querendo saber o que os PMs locais acharam do filme.
Daqui a pouco, a cobertura da palestra do roteirista na Maurício de Nassau, com reportagem de Sílvio Burle.