Da Folha de S.

Paulo Em seu único mês no pulso da dona, o Rolex Oyster Perpetual da joalheira Natasha Pinheiro (ele, R$ 10 mil; ela, 26 anos) foi testemunha do lado mais doce do Brasil.

Comprado na butique Daslu “em oito prestações”, banhou-se no mar de Angra dos Reis - “biquíni com relógio é chique”, informa Natasha-, passeou pelas vitrines grifadas dos Jardins e refletiu em seu vidro à prova d\água algumas das melhores festas da cidade.

As aventuras pelo mundo do luxo tiveram fim em um semáforo, como acontece com a maioria dos relógios de grifes roubados na cidade, segundo o Deic (Departamento de Investigações Sobre o Crime Organizado).

Também foi assim com o Rolex do apresentador Luciano Huck, que, após ter sido assaltado, contou a história em artigo sobre violência publicado na Folha, há duas semanas.

Projetado em Genebra, na Suíça, feito com pulseira de aço, o relógio de Natasha era do mesmo modelo usado pelo James Bond de Sean Connery, mas com fundo de ouro rosa.

Está desaparecido.

O roubo aconteceu em uma esquina próxima ao shopping Iguatemi, de onde Natasha havia saído com a irmã após uma tarde de compras.

Ela havia escondido o acessório. “Eu sei que “tá” no bolso, me dá o relógio!”, gritou o assaltante, na garupa de uma moto, de capacete, com uma pistola na mão.

VIDA NA PERIFERIA E lá se foi o Rolex de Natasha.

Mas para onde?

Segundo o Deic, o fim mais comum é o pulso de receptadores também endinheirados, que pagam alguns milhares de reais pela máquina roubada. “Se custou R$ 10 mil na loja, sai por R$ 2.000, bem mais caro que meu Citizen”, brinca o delegado Edson Santi.

E quem rouba? “São ladrões que vêm de moto da periferia e de cidades como Francisco Morato”, ele diz.

Para Santi, a ousadia dos ladrões aumentou. “Como os relógios têm um número de registro que permite o reconhecimento, era comum, até há cinco anos, que fossem vendidos longe dos donos, em países como Argentina e Uruguai.

Hoje em dia estão ficando em São Paulo mesmo.” Entre os motivos, ladrões aprenderam a adulterar esse “chassi”.

Na capital paulista, diz Santi, “são revendidos em “bocas de ouro”, em escritoriozinhos da periferia”.

Ou então entregues aos compradores em locais públicos, como em lanchonetes de shopping center. “Peguei trauma de Rolex.

Prefiro usar um Cartier de ouro, que também é legal e passa mais despercebido.

Qualquer bandido, hoje, reconhece um Rolex”, diz Natasha, que ainda combina os relógios com biquíni quando vai a Angra.

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