O Centenário do Frevo já tem o samba-enredo para o Carnaval carioca de 2008.

Numa disputa que começou na noite do último sábado (13), e só terminou na manhã desse domingo, a Estação Primeira de Mangueira escolheu o samba dos compositores Lequinho, Aníbal, JR.

Fionda, Francisco do Pagode e Silvão para representar, na Marquês de Sapucaí, o ritmo mais popular de Pernambuco.

O evento reuniu 15 mil pessoas na quadra da escola e contou com a presença do prefeito do Recife, João Paulo, dos secretários Lygia Falcão (Gestão Estratégica e coordenadora do Projeto 100 anos do Frevo), Samuel Oliveira (Turismo) e João Roberto Peixe (Cultura), além de personalidades do mundo artístico, como os cantores Milton Nascimento, Alcione, Neguinho da Beija Flor e Preta Gil.

A competição final envolveu quatro grupos de compositores, que levaram para a quadra da escola, torcidas organizadas - algumas delas portando bandeiras, faixas, bonecos e sombrinhas de frevo.

O comércio das imediações também foi contagiado pelo clima da disputa e muitos estabelecimentos decoraram suas fachadas com elementos alusivos ao tema “100 Anos de Frevo, é de perder o sapato…

Recife mandou me chamar”. “Com esse tema, temos a certeza de que a Mangueira fará um dos melhores carnavais de sua história”, afirmou Percival Pires, presidente da escola. “O frevo é puro Carnaval, tal e qual o samba da Mangueira.

Ao unir os dois ritmos teremos um belo desfile”.

Para o prefeito João Paulo, que fez parte da comissão julgadora, a festa teve uma energia ímpar. “Deixa-nos felizes uma escola com tanta tradição como a Mangueira fazer uma homenagem tão bonita e apaixonada para o nosso frevo”, declarou.

Sobre o samba vencedor, a secretária Lygia Falcão, que também participou da escolha, afirmou: “O que me deixou mais emocionada foi ver as pessoas cantando com paixão, falando do Recife e do frevo.

Para mim, o grupo vencedor foi o que melhor traduziu com verdade o frevo e a força que tem a nossa cultura”.

De acordo com o grupo de compositores que levou o primeiro lugar, o trabalho nasceu a partir de muita pesquisa. “Recebemos um resumo da escola e daí partimos para nos aprofundar na história do frevo, do Recife, nas letras de frevos conhecidos”, informou Lequinho.

Segundo Aníbal, o frevo e o samba são ricos elementos populares de origem puramente brasileira e que vêm do povo. “Os dois ritmos são originais dos seus locais, falam do povo em suas letras e vai ao povo sem a influência de estrangeiros.

Ambos vêm do povo mais humilde e, por isso é Brasil de verdade”, disse.

O patrocínio do enredo da Mangueira para o carnaval de 2008 custou R$ 3 milhões à Prefeitura do Recife, segundo sua assessoria.

TUCHINHA Um dos autores do samba, Francisco do Pagode, é uma figura polêmica.

Também conhecido como Tuchinha, passou 17 anos preso, acusado de tráfico de drogas, segundo matério do jornal carioca O Dia.

Foi solto em 2006.

Mas há alguns meses era considerado foragido da polícia por estar em liberdade condicional e não se apresentar às autoridades.

Mas o cara e seus parceiros são mesmo bons de samba.

No ano passado, venceram também a escolha do samba-enredo para a escola Porto da Pedra.

O Blog revelou essa história, com exclusividade e em primeira mão em Pernambuco desde o início de agosto.

Na época, O Dia dava como favas contadas a vitória de Tuchinha.

Não deu outra.

Ouça o samba aqui.

Abaixo, confira a letra. 100 ANOS DO FREVO, É DE PERDER O SAPATO.

RECIFE MANDOU ME CHAMAR…(Lequinho, Jr Fionda, Francisco do Pagode, Silvão e Aníbal) Mandou me chamar, eu vou Prá Recife festejar Alegria no olhar , eu vejo É frevo, é frevo, é frevo Ao som de clarins Descendo a ladeira Sou Mangueira Tem frevo no samba, deu nó na madeira orgulho da cultura brasileira A majestade é o povo, sem o povo história não há estende o brasão, reflete o leão, símbolo de garra e união Capoeira invade os salões Mascarados, despertam Dragões E pelas ruas, vem Zé Pereira, Arrastando a multidão Nascia o frevo contagiando toda a massa E até hoje tem colombina e seus amores Passo no rancho das flores O profano é sagrado no maracatu Nos cem anos de história, desperto a alvorada Brincando no Galo da Madrugada Invade a cabeça, o corpo, embala os pés Delírio da massa, um fervo! É a Mangueira no passo do frevo Voltei de sombrinha na mão Sonhando em gritar é campeão