O filme Tropa de Elite, que estreou nessa quinta (11), em vários cinemas do Grande Recife, tem tudo para confirmar a promessa de ser um sucesso de bilheteria.

Antes de ser uma obra que discute a fundo a questão da violência no Rio (e por extensão, no Brasil), é um bom filme de ação.

Bom roteiro e bons atores bem filmados.

Nesta sexta (12), o Blog acompanhou as sessões da tarde, programadas para duas salas no Shopping Tacaruna.

No primeiro horário da sala 8, às 13h30, “apenas” 60% dos lugares estavam ocupados.

Mas já na segunda sessão da sala 4, às 17h, a fila de espera contornava a escada rolante que dá acesso aos cinemas.

Gente de todas as idades, atraída pela polêmica gerada em torno do filme de José Padilha, estrelado por Wagner Moura.

E muito interessada em descobrir o porquê de tanto barulho. “Fiquei curiosa em saber o que é que tem de tão picante no filme”, disse Amanda Borges, 29 anos, executiva de vendas, pouco antes da sessão.

REALIDADE Entre as pessoas que já tinham visto o filme, uma palavra foi repetida muitas vezes na hora de resumir o longa: realidade. “A realidade é essa.

Muita gente não tem idéia do que acontece.

Demora para poder acordar”, contou Ana Luíza, 17 anos, estudante do terceiro ano do segundo grau no Colégio São Bento. “Ainda estou meio chocada.

Mas o filme é muito bom”, reforçou na saída da primeira sessão. “O filme reflete a realidade dos nossos dias”, concordou Moisés Silva, 68 anos, 3 filhos adultos, professor de contabilidade. “As instituições que temos no País estão comprometidas.

A corrupção invade tudo.

O descaso levou a tudo isso”, avaliou ao deixar o cinema. “Tropa de Elite choca por mostrar a realidade.

Mas é o único jeito de conscientizar as pessoas”, explicou Fernando Baltar, 17 anos, concluindo o segundo grau no Colégio São Luís.

Já a psiquiatra Dilza Feitosa, 57, entrevistada na fila para a segunda sessão, também citou a “realidade” como um dos motivos que a levaram a ver Tropa de Elite. “Quero conhecer os bastidores dessa violência.

As ações da polícia a que a gente não tem acesso.

A imprensa mostra uma parte.

Se mostrar tudo, morre”, acredita.

NASCIMENTO O capitão Nascimento, personagem central do filme, vivido por Wagner Moura, foi avaliado, no geral, como muito violento.

Mas também uma vítima do sistema. “O que Nascimento falou é o que realmente acontece.

Ele dançou de acordo com a música”, disse Patrick Silva, 22 anos, auxiliar de tesouraria e estudante do segundo grau. “A polícia é isso mesmo.

Com a formação que eles têm, não vão subir o morro para conversar.

Se for conversar, morre”, analisou o professor Moisés Silva. “Não concordo com os métodos dele.

Mas ele é produto do sistema.

Treinado para aquilo”. “Nascimento faz o trabalho dele. É duro demais. Às vezes passa do limite.

Mas, no geral, para mim é ótimo”, afirmou Dênis Souza, 28 anos, estudante de direito, que assistiu ao filme com a namorada Rejane Galvão, 34, também estudante de direito. “O capitão é muito duro, mas fez o que tinha que fazer”, concordou Camila, 16, filha de Rejane. “Pena que se criou uma polícia dentro da polícia.

Toda a PM deveria ser como o Bope (Batalhão de Operações Policais Especiais)”, analisou Cidália Alves, 24 anos, gerente de restaurante e estudante de Economia Doméstica na UFRPE. “Se a polícia não se modernizar, não for bem treinada, não tiver equipamento bom, não vai conseguir controlar o crime.

O traficante vem com bazuca e não adianta estar de 38.

O ideal era que o mundo fosse cor-de-rosa.

Mas…” PLAYBOYZINHO Além da divisão dos personagens entre bandidos (traficantes e policiais corruptos) e mocinhos atormentados pela realidade (aí eu enquadro o capitão Nascimento e os aspirantes Neto e Matias, mas você tem todo o direito discordar), Tropa de Elite também guarda um “paredão” para os jovens de classe média e alta que criticam a violência policial, mas financiam o tráfico com o consumo de drogas. “O filme critica muito playboyzinho de classe média que quer se dar bem no mundo dele e não vê o que está fazendo”, ressaltou a estudante Renata Jungmann, 16 anos, segundo ano do segundo grau do GGE.

E por falar em financiar o crime, o auxiliar administrativo André Luís de Oliveira, 36 anos, se recusou a ver a versão pirata do filme, justamente por conta das questões que Tropa de Elite aborda. “Não concordo em assistir pirata.

Tive chance e não quis.

Quem faz isso está alimentando o crime”, disse ele, que também é estudante de Administração de Empresas e convenceu a namorada Elissandra Azevedo, 30, a trocar, neste feriado, “O homem que desafiou o diabo”, com Marcos Palmeira, por Tropa de Elite.

HUMOR Para concluir, vale lembrar que Tropa de Elite também tem humor.

Humor negro, é verdade.

Mas com piadas que fazem a platéia rir.

A parte do treinamento para oficiais que querem entrar no Bope, popr exemplo, lembra um pouco as periécias de Didi, Dedé, Mussum e Zacarias às voltas com o Sargento Pincel. “Ri muito com as confusões do Zero-Um”, contou a gerente Cidália Alves, refreindo-se a um sargento corrupto que tenta entrar para a elite da tropa.

PS: clique no ícone do filme, na coluna verde aí do lado, para ter mais informações sobre o filme.