Quando perdeu a eleição para presidente dos EUA para George W.

Bush, o ex-vice-presidente americano e democrata Al Gore não imaginaria que 7 anos depois ele viraria uma unanimidade mundial e receberia o Prêmio Nobel da Paz 2007.

Ele e o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas da ONU (incluindo na homenagem o seu presidente, o indiano Rajendra Pachauri).

Do ano passado para cá, Gore estrelou o filme “Uma verdade incoveniente” (veja trailer acima), foi aplaudido de pé na cerimônia do Oscar (e ganhou a estatueta de melhor documentário), foi assistido por milhões de pessoas no mundo.

Enquanto isso, ao longo de seus dois mandatos, o republicado Bush viu as Torres Gêmeas serem destruídas, invadiu o Paquistão e o Iraque, teve seu exército envolvido em torturas, e hoje goza de uma das mais baixas popularidades de um presidente americano em todos os tempos, abaixo dos 30%.

Al Gore, com seu ativismo, fez com que o meio ambiente adquirisse a mesma importância na consciência pública que a luta pela paz.

Além do Nobel, o americano recebeu, em junho, o Prêmio Príncipe de Astúrias de Cooperação Internacional.

Apesar de só recentemente ter virado pop star, em 1991 Gore já publicado “Terra em Balanço: Ecologia e o Espírito Humano”, em que falava sobre as mudanças ecológicas necessárias para enfrentar o século 21.

O que mostra que sua preocupação ambiental não é coisa recente ou surgiu com a “moda”.

Destino é destino.

Se o sistema eleitoral americano não fosse tão complexo (afinal, Gore recebeu 300 mil votos a mais que seu oponente George W.

Bush, mas a eleição mista fez com que perdesse no colégio eleitoral, isso sem falar nas denúncias de fraude), talvez Al Gore estive agora “nos sapatos” de Bush, como diriam os conterrâneos dos dois.

Afinal, o ataque da Al Qaeda ao World Trade Center, em 2001, já estava há anos em franca gestação.

O que faria o mais novo Nobel da Paz ao ver ruim, no coração de Manhattan, um dos maiores símbolos da pujança americana?

E mais: para ficar apenas no plano ambiental, como “presidente Al” faria para convencer a nação que mais polui o ambientel mundial a deixar o carro em casa?

Perder a eleição americana talvez tenha sido a melhor coisa que aconteceu na vida dele.